Músico, Empreendedor Cultural, Produtor musical e diretor da Escola Oficina Livre de Música.
Parnamirim: Cidade, capitalismo e cultura
Por: Rousi Flor de Caeté e Armando Souza
Quando pensamos em morar numa cidade qualquer, logo nos deparamos com os desejos que surgem da relação com este território, sejamos nós nativos ou não do lugar. Queremos ter uma vida em equilíbrio emocional, saúde física e espiritual, conforto e abundante bem estar, além de boa relação com nossa comunidade, elementos indispensáveis a todos e que devemos cultivar cotidianamente.
O que podemos fazer para atingir esses ideais numa sociedade impregnada de vícios comportamentais e conflitos de interesses pessoais?
Uma cidade ideal para a população é um lugar em que, prioritariamente, deve existir o respeito e a preservação dos biomas, rios, mares, florestas e animais. O ideal do desenvolvimento às custas dos recursos naturais, nestas cidades, devem ser repensados e ela deve surgir e viver em harmonia com a vida, o que só é possível com um planejamento sustentável que considere o humano como parte da natureza.
Além da segurança, educação e acesso à saúde básica, a cidade ideal deve oferecer oportunidades de emprego e um ambiente favorável para um empreendedorismo regenerativo e aproveitamento do potencial criativo da população civil. A cidade ideal é uma cidade com igualdade de oportunidades.
Estas qualidades que imaginamos para uma cidade estão atravessadas pela estrutura de um país que foi gerado de forma predatória e é parte de uma estrutura maior chamada capitalismo, que governa o modo de vida a partir de características específicas e destrutivas como a exploração e o esgotamento de recursos naturais, a exploração do trabalho humano, competitividade, entres outros fatores nocivos à vida.
Tais características estão impregnadas na cultura, na educação, na economia e, assim, no simbólico e na subjetividade das pessoas.
O nosso país, tão rico em recursos naturais, em arte e cultura, vem sendo devastado e colonizado pelas grandes potências há mais de 500 anos,
Algumas cidades brasileiras são mais afetadas pela colonização e pelo modo de vida predatório do que outras e Parnamirim, no Rio Grande do Norte, é uma delas.
A memória e a história de Parnamirim é daquela que “serviu” a segunda guerra, o “Trampolim” da “Vitória” de uma cidade que cresceu a partir da perspectiva de quem veio explorar, mas que tem muita resistência, ainda, a ser descoberta e valorizada, nas comunidades nativas, periféricas, nos grupos progressistas e pessoas que valorizam as culturas que existiam e que foram criadas a partir desta tensão nativo x colonizador.
É a partir destas colocações que podemos observar a Arte multifacetada que é produzida no município, fruto destas tensões e que é sempre de luta e muita resistência. É através da diversidade das expressões culturais que podemos trilhar um caminho que possa levar a uma construção reflexiva e crítica social, estímulo ao intelecto, processo criativo de soluções, conexão e coesão social, bem estar emocional, terapêutico, educação, aprendizado e a transformação coletiva de uma cidade amordaçada e engessada culturalmente e socialmente pela má política desde o seu surgimento.
Em tempos de eleições, principalmente, esse texto é um convite a reflexão popular, compreender que o processo histórico construído em função de modelos destrutivos molda a sociedade, mas também acreditar que a verdadeira transformação ocorre a partir da sabedoria das nossas escolhas e ações coletivas.
AGENDA CULTURAL POTIGUAR NOTÍCIAS
25/07 – 17h Prática de Choro com Alexandre Moreira – Oficina Livre de música/Nova Parnamirim;
25/07 – 18h – IV Feira Multicultural Aruandê;
25/07 – 19h – Blues e outras intenções – Bar Sempre Rock;
26/07 – 19h – Banda Mobidick – Bar Sempre Rock;
27/07 – 16h – Mulherio da letras – Mahalila Café;
27/07 – 16h – Teatro: Judite e a Classe de Dona Beatriz – Parque das Dunas;
27/07 – 18h – Arraiá Ginga Potiguar – Nova Esperança/Parnamirim;
27/07 – 19h – Mostra de Curtas Potiguares – Porão das Artes/Pium;
27/07 – 19h – Arraiá da Tia Chinha – Santos Reis/Parnamirim;
28/07 – 19h – Ginga Choro – Bar Carrancas/ Pium
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