Armando Souza

Músico, Empreendedor Cultural, Produtor musical e diretor da Escola Oficina Livre de Música.

01/08/2024 11h55
 
Julho das Pretas acabou, e agora?
 
No último dia 25 de julho aconteceu a 12ª edição do “Julho das Pretas” que em resumo, trata de iniciativas que celebram e destacam a luta e as conquistas das mulheres no Brasil, sendo uma extensão do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americano e Caribenha, comemorado sempre dia 25 de Julho e cujo objetivo é promover a visibilidade, a valorização e o reconhecimento das mulheres negras, além de discutir questões relacionadas ao racismo, sexismo e outras formas de discriminação.
 
Durante o "Julho das Pretas", várias atividades foram organizadas em todo o país, incluindo debates, palestras, oficinas, apresentações culturais e manifestações. Essas atividades não apenas celebram as conquistas das mulheres negras, mas também buscam conscientizar a sociedade sobre os desafios que elas enfrentam e a importância de lutar por igualdade e justiça social.
 
Julho das Pretas é, portanto, parte de uma luta constante contra o preconceito às mulheres, sobretudo às negras. Muitas vezes, essas mulheres são vistas através de estereótipos negativos de “mulher raivosa” ou de “mulher hipersexualizada”, e adjetivos que desumanizam e reduzem a complexidade e a individualidade dessas mulheres. No mercado de trabalho as dificuldades para encontrar emprego são maiores que as mulheres brancas e homens negros e, são frequentemente sub-representadas em cargos de liderança, onde geralmente ganham menos, ou ainda, são levadas à condição de subempregos.
 
Essa desigualdade social, legado da escravidão alimentado por um sexismo interseccional durante mais de 300 anos, é estruturado e moldado para beneficiar apenas uma classe dominante: ricos e brancos e, dentro desse contexto, está inserida a mulher negra cuja força, capacidade de resiliência e liderança atribuída, naturalmente, pelo dom de ser mãe, sempre foi colocada à margem dos direitos humanos, e quando se destacam na sua profissão são mantidas invisibilizadas.
 
Em condições de violência elas têm menos probabilidade de ser adequadamente atendidas e com dignidade pelas autoridades e instituições de apoio, além de enfrentar altos índices de desproporcional violência policial e encarceramento. 
 
Dada às condições impostas a formação de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, cidade que “serviu” e foi impregnada pela cultura capitalista do Tio Sam, desde a 2ª guerra mundial, esses desafios de superação ao preconceito da mulher são absurdamente multiplicados. Preconceito esse observado em várias esferas da sociedade e vivenciado como uma combinação de fatores históricos, sociais e econômicos. Apesar da melhoria na educação nas últimas décadas, com a descentralização e expansão das Universidades e Institutos Federais-Ifs pelo interior brasileiro, as mulheres negras ainda enfrentam esse profundo abismo que é a discriminação racial e de gênero. No que diz respeito à representação e visibilidade às mulheres negras de Parnamirim ainda não encontraram o merecido destaque, seja na política, na mídia ou em outras áreas públicas e essa falta de representatividade contribui enormemente para a perpetuação de estereótipos negativos e limita a visibilidade de modelos positivos às novas gerações.   
 
Nesse contexto, o preconceito contra as mulheres negras em Parnamirim requer esforços coletivos para promover a igualdade de oportunidades, desafiar estereótipos prejudiciais e implementar políticas públicas que abordem essas desigualdades. Isso é urgente! Iniciativas educacionais, programas de capacitação profissional, apoio à saúde e à promoção da representação política e midiática são passos importantes nessa direção. E a arte com a sua multiplicidade de expressões culturais é parte importante na desconstrução desse sexismo interseccional e na quebra de paradigmas que foram propositalmente atribuídos às mulheres negras com a finalidade de abafar e impedir seu inato empoderamento na vida pública.
 
DESTAQUE CULTURAL
 
No próximo sábado, 03 de agosto, às 10h da manhã, o Choro do Caçuá realizará mais uma edição na Praça Padre João Maria, no Centro Histórico de Natal. Como sempre o repertório composto por choros, valsas, maxixe, baião, entre outros ritmos brasileiros, traga seu instrumento, sua alegria e participe da Roda de Choro mais amada do RN.
 
AGENDA CULTURA POTIGUAR NOTÍCIAS
 
01/08 – 11h30 – Roda de Choro da UFRN – Centro de Convenções da UFRN;
01/08 – 17h – Prática de Choro com Alexandre Moreira – Oficina livre de Música/Parnamirim;
01/08 – 19h – Banda Mobidick – Sempre Rock Bar – Ponta Negra/Natal;
02/08 - 20h – Rubens Veloso – Ecco Ville Food Park/Nova Parnamirim;
02/08 – 21h – Caio Gameleira – Porão das Artes/Pium;
03/08 – 20h – Nino Campos – Ecco Ville Food Park;
03/08 – 10h – Choro do Caçuá – Praça Padre João Maria/Natal;
03/08 – 12h – Roda de Samba – Mercado de Petrópolis/Natal
03/08 – 20h – Fuxiqueiro do Forró – Casa de Forró Fênix Bar/Parnamirim;
04/08 – 19h – Choro da Ginga – Carrancas Bar/ Pium;
07/08 – 20h – Bando do Sax – Mahallila Café/Natal;
10/08 – 20h – 26º Arraiá da Aurora – Rua da Aurora em Pium/Parnamirim;
 
Por Armando Souza
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