Armando Souza

Músico, Empreendedor Cultural, Produtor musical e diretor da Escola Oficina Livre de Música.

19/09/2024 11h05
A nossa música de cada dia...
 
 
Antes de ser entendida como fonte de lazer e entretenimento, como à percebemos na atualidade, a música sempre foi utilizada pelos nossos antepassados para realizar rituais espirituais, cerimônias religiosas, celebrações aos deuses e, sobretudo, integração social. Acreditavam no poder da música para aliviar as dores da alma e na cura das enfermidades adquiridas pelos seus entes queridos. Desde os primórdios, a música sempre exerceu um papel importante e sua origem remonta a tempos pré-históricos, muito antes de surgir a linguagem escrita. 
 
A ciência, é fato, já conseguiu comprovar os inúmeros benefícios da música à saúde e à evolução humana, se conectando conosco através das vibrações sonoras que naturalmente sentimos ao ouvir ou vivenciar uma experiência musical, como por exemplo: tocar um algum tipo de instrumento, ação que possibilita vivenciar  emoções distintas, tais como:  alegria, tristeza, nostalgia, capaz de nos levar a uma verdadeira viagem através do tempo.
 
Para o Educador Musical Belga, Edgar Willens(1890 – 1978),  “Os princípios vitais da música estão dentro do ser humano e estão intrínsicamente ligados à vida fisiológica, afetiva e mental através do ritmo, melodia e harmonia”, elementos que são indispensáveis à vida e à existência da música, respectivamente. É a partir dessas relações que podemos afirmar que a música exerce uma significativa influência no indivíduo e, certamente, ao longo da tempo, vêm causando impactos na construção de  padrões culturais, sociais e alterações no pensamento crítico coletivo.
 
Muitas vezes, sem perceber, nos deparamos pensando, cantarolando ou assobiando um trechinho de uma canção qualquer várias vezes, tornando-se um ato tão natural que chega a ser cansativo e até chato para alguns que não conseguem desvencilhar-se daquele trecho musical impregnado na memória, provando na prática a forte influência da música no nosso cérebro. Isso, portanto, é o resultado da ação vibratória exercida pela repetição do refrão e o movimento da canção cuja finalidade é “prender” a mente do ouvinte com um ritmo contagiante, melodia acessível e capaz de agradar a maioria das pessoas, associada a uma letra carregada de mensagens de valor poético ou não, infelizmente.
 
As empresas de publicidade, marqueteiros de políticos já se utilizam desse fenômeno como ferramenta de comunicação com a população. A indústria da música agradece, mas será que a população está sendo servida de um cardápio musical de qualidade? 
 
O Filósofo e Matemático grego Platão(423 a.C. – 348 a.C) autor de diversos diálogos filosóficos que influenciaram o mundo acadêmico, acreditava no poder da música na transformação do homem para o bem ou para o mal e, por isso defendia que a música deveria ser trabalhada nas crianças desde cedo e mais, argumentava que a música tem um impacto significativo na alma e no comportamento das pessoas tão poderoso que, absurdamente, deveria ser cuidadosamente regulada pelo estado para promover a virtude e a harmonia. Fato que vários governos ditatoriais tentaram fazer ao longo da história.
 
Para Platão no livro A república III, "De modo que não é sem razão que se diz que o modo de educação e formação dado pelos poetas deve ser censurado e modificado. Mas devemos lembrar que a educação começa com a música. [...] A música é um modo de educação muito poderoso porque entra na alma e a forma de maneira imperceptível, moldando os hábitos dos jovens.". 
 
No Brasil, somos bombardeados diariamente com músicas que nos distanciam da realidade e de tudo que é verdadeiramente importante para nossa evolução. Por conseguinte, a nossa música vem sendo degradada cotidiamente com letras sem nunhum valor poético, palavras de baixo calão, indução ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas e a insistente tentativa de sexualizar e denegrir a imagem da mulher. Para concluir, você já refletiu sobre que tipo de música está consumindo? Chico Xavier já afirmava que “a evolução nada mais é do que a depuração do gosto”, cuidado com as coisas que puxam tua consciência para vibrações mais grosseiras” e, portanto, devemos apurar nosso discernimento e gosto musical para que possamos elevar-se emocionalmente e culturalmente.
 
 
Por Armando Souza
 
AGENDA CULTURAL POTIGUAR NOTÍCIAS
 
19/09 – 11h – Roda de Choro da UFRN – Centro de Convivência da UFRN;
19/09 – 17h – Prática de  Choro - Oficina Livre de Música/Nova Parnamirim;
19/09 – 19h – Choro do Caçuá – Academia Assuense de Letras - Açu/RN;
19/09 – 20h – Gustavo Concetino – Sempre Rock Bar/Ponta Negra;
20/09 – 09 – Chorões do Seridó – Casa do Artesão do Seridó – Caicó/RN; 
20/09 – 20h – Alan Persa – Sempre Rock Bar/PontA Negra;
20/09 – 20h – Rede Potiguar de Música – Cervejaria da Resistência/Ponta Negra;
21/09 – 13h – Choro da Ginga – Restaurante Toca do Caranguejo/Nova Descoberta;
23/09 – 20h – Samba de Segunda de Vagabundo – Rocas
 
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