Fernando Luiz

Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.

26/01/2025 05h40
PAULINHO FREIRE E O RESPEITO AO MEIO AMBIENTE
 
Todos nós sabemos que atualmente as autoridades governamentais em todos os âmbitos (Federal, Estadual e Municipal) demonstram preocupação com a preservação do Meio Ambiente, preocupação esta que só tem aumentado nas últimas décadas. Em dezembro de 1972, a Assembleia Geral da ONU criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e desde então o cuidado com a sustentabilidade ambiental só tem aumentado.
 
Nos últimos anos a ocorrência de desastres ambientais cada vez mais frequentes tem contribuído para aumentar a preocupação com a preservação da Natureza: o degelo das calotas polares, o avanço do mar, as tempestades frequentes, os incêndios florestais e a irregularidade das estações do ano, entre outros fenômenos climáticos, têm ocorrido com frequência cada vez maior. Isso sem contar com a ação do próprio Homem, que tem sido o maior predador do Meio Ambiente, em virtude de sua incessante busca de lucro a qualquer preço. 
 
Um dos maiores desafios dos gestores atuais é ter que buscar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental, pois a  responsabilidade com o Meio Ambiente vai além da questão ética: trata-se também de uma questão estratégica, de vez que, quando um gestor adota na sua administração práticas sustentáveis corretas, ele está adotando uma política que vai ter como consequência  benefícios ambientais, sociais e econômicos a longo prazo, já que proporciona bem estar à geração atual e também às futuras gerações. 
 
O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, ativista ambiental, autor do livro Uma Verdade Inconveniente tornou-se uma espécie de símbolo da defesa do Meio Ambiente e é um ferrenho defensor de políticas que preservam os recursos naturais. O atual secretário-geral da ONU, António Guterres, tem feito reiterados apelos em defesa da mesma causa. O Papa Francisco, na encíclica Laudato Si (Sobre o cuidado da Casa Comum) afirma: “Toda a criação é obra de Deus. O ser humano faz parte dessa criação” e propõe a criação de “uma ecologia integral que inclua claramente as dimensões humanas e sociais”, afirmando que “toda criação merece respeito e cuidados, pois o ser humano, além de criatura mais perfeita do cosmo, ainda elevado à condição de filho amado de Deus, recebeu a terra e todo o universo como um presente de Deus para que a tenha como sua casa”.
 
No programa de governo de Paulinho Freire quando da sua candidatura à Prefeitura de Natal, está presente o compromisso de respeito ao Meio Ambiente, através do seguinte texto, assinado por ele e por Joanna Guerra, então sua candidata a vice.  Exponho aqui o texto literalmente: “O programa de governo de Paulinho Freire apresenta uma visão inovadora e comprometida com a sustentabilidade ambiental. Reconhecendo a importância crucial de um meio ambiente saudável para o desenvolvimento econômico e social, Paulinho Freire propõe uma série de iniciativas que visam a preservação dos recursos naturais, a promoção de energia limpa e a conscientização ambiental.” Portanto, uma promessa de campanha; mais do que isso, um compromisso com a população de Natal.
 
Como já me referi anteriormente em outros artigos, o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias, ao apagar das luzes do seu mandato, fez a doação da praça Assis Chateaubriand localizada no Tirol para a Arquidiocese de Natal construir uma capela. O processo foi realizado sem ouvir a população do bairro (com exceção de alguns moradores de dois prédios de luxo do Delta Tirol); não houve uma audiência pública e a quase totalidade dos moradores, tomada de surpresa, só tomou conhecimento da doação da praça depois da publicação no Diário Oficial do Município. 
 
Na praça Assis Chateaubriand existem árvores cinquentenárias, uma academia ao ar livre e o espaço é utilizado frequentemente pela população como um ponto de encontro, lazer e convívio social. A instalação no local de uma capela com capacidade para oitenta pessoas, além de exigir a eliminação de algumas árvores – sem dúvida um crime ecológico -, prevê também a realização de uma missa semanal, o que vai causar transtornos, alteração no trânsito um sério prejuízo a todos – moradores e comerciantes do local, particularmente da rua Ângelo Varela onde existem prédios residenciais, clínicas, escritórios, bares e restaurantes que serão prejudicados se a capela for construída. Isto sem contar com outras cerimônias como casamentos, batizados, crismas etc., que com certeza, com o tempo também se realizarão, além da provável poluição sonora causadas por esses eventos religiosos.
 
No final vale a pena perguntar: em virtude de uma doação feita para a construção de uma capela – o que é um desrespeito às demais denominações religiosas - o prefeito Paulinho Freire pode revogar esta lei esdrúxula da gestão anterior? Se legalmente puder fazer isto – E SE FIZER -   Paulinho Freire vai manter sua promessa de campanha e respeitar o Meio Ambiente. Se puder E NÃO FIZER, com certeza o prefeito de Natal vai descumprir uma das mais importantes das suas promessas de campanha: o reconhecimento da importância crucial de um meio ambiente saudável para a população de Natal. O que, com certeza, não será nada bom para sua administração.
 
Instagram: @fernandoluizcantor
 

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