Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
UMA ÁREA NOBRE A CAMINHO DA DESVALORIZAÇÃO
Está mais do que claro que a preservação de uma praça pública é de extrema importância para garantir a qualidade de vida dos moradores de uma área. As praças públicas não são apenas simples espaços verdes; são locais de convivência, lazer e interação social que oferecem um refúgio do cotidiano agitado das cidades, promovendo o bem-estar mental e físico de uma população.
Já há alguns anos tem havido um movimento crescente entre moradores e autoridades para preservar e revitalizar essas áreas nobres, com o objetivo de transformar as praças em espaços inclusivos, que possam ser utilizados por pessoas de todas as idades e classes sociais. Projetos de paisagismo, instalação de equipamentos de ginástica, playgrounds e a possibilidade da realização de eventos culturais, são algumas das propostas que tem como objetivo devolver às praças seu antigo encantamento.
Todos sabemos que a preservação ambiental é um fator crucial na época atual, onde projetos ambiciosos que ignoram o respeito ao Meio Ambiente ameaçam estes espaços coletivos, através de projetos personalísticos que não contemplam o interesse comum. Preservar as praças, não só as embeleza, mas também contribui para a melhoria da qualidade do ar, a redução da temperatura ambiente e o bem-estar da população.
Nos últimos anos, diversas campanhas de conscientização têm sido organizadas para envolver as comunidades, num esforço coletivo de defender esses espaços. As praças devem ser pontos de encontro entre pessoas de todas as classes sociais, credos, gênero e ideologias; pontos que devem ser preservados, respeitados e valorizados, que contenham um sentido de pertencimento e orgulho entre os moradores do entorno.
A praça Assis Chateaubriand, localizada no Tirol, na confluência das ruas Desembargador Hemetério Fernandes e Ângelo Varela, há mais de meio século vem proporcionado aos moradores do bairro todos os benefícios aqui citados. Todavia, como já citei em artigos anteriores, o espaço está ameaçado pela criação de uma capela. Numa lei sancionada pelo ex-prefeito Álvaro Dias ao apagar das luzes do seu mandato, o espaço foi cedido sem que a comunidade fosse ouvida, indo de encontro a tudo o que foi exposto aqui.
Segundo um croqui expedido pela SEMSUR – Secretaria de Serviços Urbanos de Natal -, a área da praça é de 661,40 metros quadrados. Se o projeto for executado - o que a grande maioria dos moradores do bairro teme e não quer, - a capela ocupará um espaço de 254,45 metros quadrados, correspondendo a 38,5% do espaço total da praça. Isto significa, com certeza, o corte de pelo menos uma parte das árvores cinquentenárias existentes na praça, embora os defensores do projeto afirmem que nem todas as árvores serão derrubadas. NEM TODAS? Nem uma árvore pode ser derrubada!
Aqui ainda não citei que existe a previsão da realização de uma missa semanal, o que, com certeza, vai causar engarrafamento, impedindo as pessoas de usufruírem do ambiente nesses dias. Se nos aprofundarmos mais, teremos que admitir que além das missas haverá batizados, casamentos e outras celebrações muito comuns em capelas do tipo da que querem construir na praça Assis Chateaubriand.
Com certeza, todas as pessoas que compraram apartamento no entorno da praça pensando na paz e na tranquilidade do local, ainda correm um risco extra: o de verem seus investimentos desvalorizados e os seus sonhos destruídos.
A região do Delta Tirol é uma área nobre a caminho da desvalorização. E, se isto acontecer, todos sairão perdendo. Inclusive a Natureza.
Instagram: @fernandoluizcantor
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