Fernando Luiz

Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.

02/03/2025 04h40
DOIDO TAMBÉM APANHA
 
 
Claudionor Batista de Oliveira nasceu no dia 24 de dezembro de 1927 na cidade de Augusto Severo. Na década de 40 trabalhou na gravadora Copacabana, do Rio de Janeiro, época em que teve oportunidade de conviver com diversos artistas. Por essa época começou a compor regularmente músicas para campanhas políticas e jingles publicitários e aos poucos passou a compor outros gêneros musicais. Em 1952 teve suas primeiras composições compostas em parceria com Manezinho Araújo e Carvalhinho (pernambucano que se tornou nacionalmente conhecido cono comediante nas décadas de 60, 70 e 80): "Se Tocá Eu Danço" e Há Sinceridade Nisso?"
 
Em 1960, Claudionor, já usando o pseudônimo de Dosinho, a teve a marcha de sua autoria Eu Não Vou, Vão Me Levando gravada pelos vocalistas  Tupi.
 
Com o passar dos anos, Dosinho se especializou em compor marchas carnavalescas, tornando-se um dos mais respeitados autores do estilo. 
 
A escritora, pesquisadora e imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Leide Câmara, no seu livro Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, afirmou: “Dozinho é um carnavalesco de primeira linha, ao lado dos pernambucanos Nelson Ferreira e Capiba”.
 
Durante a segunda metade da década de cinquenta, o potiguar de Augusto Severo teve várias músicas suas gravadas por artistas consagrados. O folclorista Câmara Cascudo, certa vez, falando de Dozinho, afirmou: "Dosinho tem a linguagem musical. Diz todas as suas emoções na linha melódica, doce, clara, fácil, com uma naturalidade de fonte. E uma grandeza espontânea de predestinado". 
 
Dosinho é autor da música O Mais Querido, hino do ABC Futebol Clube e compôs os hinos do Alecrim Futebol Clube e do América Futebol Clube de Natal.  Autor de clássicos do Carnaval como Eu Não Vou, Vão Me Levando, Carnaval Com Bin Laden”, Dólar Na Cueca” e do grande sucesso que virou jargão popular Doido Também Apanha, Dozinho foi homenageado no Carnaval natalense em 2007. O compositor, que era um crítico recorrente da falta de valorização dos gestores para com a cultura potiguar, deixou de fazer shows em Natal depois de 2009, passando a se apresentar apenas no carnaval pernambucano.
 
Dozinho nos morreu no dia 13 de março de 2014. Entre suas dezenas de composições, a mais conhecida delas – Doido Também Apanha - aborda um tema bastante atual: É bom ficar direito / Se quiser estar no salão / Não se faça de doido não / Não se faça de  doido não / Não fique aproveitando o vai e vem da multidão / Não se faça de doido não / Não se faça de doido não / Eu já notei que sua loucura é manha / Mas não esqueça  que doido também apanha. 
 
Neste carnaval, quem “se fizer de doido” não apanha: pode ser preso, pois atualmente isso se chama o assédio sexual.
 
@fernandoluizcantor
 

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