Liliana Borges

14/11/2020 00h02
 
BACALHÔA, Palácio, Obras de Arte, Vinhas…
 
A Bacalhôa não é apenas uma quinta com suas vinhas, adegas e vinhos premiados, também, é um palácio grandioso com inúmeras obras de arte, relíquias, belas histórias ao longo de sua existência. Está situada em Vila Nogueira de Azeitão a cerca de 35 km de Lisboa. Pertenceu a várias famílias, desde o século XIII existem documentos desta propriedade, os primeiros foram a Família Palhavã. 
 
Mais adiante em 1442, Dona Brites adquiriu e foi responsável pela construção de um palácio renascentista, posteriormente, passou a pertencer a Família Albuquerque por vários séculos; o primeiro deles, em 1528, foi Afonso Brás que era filho do vice-rei da Índia, reza a lenda que o decorou com pedras preciosas. Os azulejos foram trazidos por ele à edificação, como também, mandou contruir as Casas das Pombas e das Índias próximas ao lago que serviam para encontros amorosos.
 
Na sequência, veio Dona Maria de Mendonça de Albuquerque que provavelmente deu nome a este lugar, dizem que não era muito simpática e a denominaram de “Bacalhôa”, pois seu marido era comerciante conhecido pela alcunha “Bacalhau”.  No decorrer do tempo, passou a ser propriedade da família real e, após o fim da monarquia foi posto a venda novamente, Raul Martins Leitão adquiriu em 1914, mas como não tinha muitas posses para manter, ficou abandonado por 22 anos.
 
A Senhora Orlena Zabrisck Scoville veio para Portugal estudar a arte de azulejos, apaixonou-se pela propriedade e decidiu comprar, ela própria ajudou na reconstrução em tudo que era relacionado com arte. Esta família americana, também, deixou belos registros na história, pois foram encontradas várias cartas no palácio que relatam judeus a agradecer a ajuda aos Scovilles que os acolheram na época da II Guerra Mundial.
 
Em 1996 foi classificado como Monumento Nacional e finalmente em 2000, José Manoel Rodrigues Berardo comprou, sendo o atual proprietário, mantendo aberto ao público para visitação com visitas guiadas e marcação prévia. Cabe ressaltar que o Comendador Berardo é o maior colecionador de arte de Portugal.
 
Adentrando no Palácio, logo no primeiro espaço é a Sala dos Tributos com várias exposições do Grupo Bacalhôa e entre muitas relíquias, há um belo piano da Inglaterra do Séc. XVIII com valor inestimável, pois é único no mundo. Mais a frente nos deparamos com Catarina de Bragança, Princesa Portuguesa que foi para a Inglaterra para casar com o Rei D. Carlos II. Eles não realizaram o matrimônio por diferenças religiosas, mas foi sua preferida e possuía poderes como uma rainha.
 
 Curiosamente foi ela que introduziu o chá das cinco na cultura britânica, essencial para saber quem era a amante do Rei na altura, pois este foi um dos mais infiéis da Europa. Ela proporcionava encontros sociais, quem faltasse estaria com ele, a única pessoa que teria um convite melhor que o dela, somente poderia ser o Rei. 
 
Em seguida vem a sala dos romanos e mais adiante a sala dos descobrimentos e, entre as maravilhas expostas está uma escultura que faz referência a descoberta da América por Cristóvão Colombo, esculpida por 6 artistas italianos em um único bloco; nas paredes as salvas de prata que fazem referência a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral e; mais uma grandiosa taça que representa as boas relações de Portugal e Brasil.
 
Saindo para os jardins, vamos encontrar as vinhas com castas francesas: Petit Verdot, Merlot e Cabernet Souvignon que fazem o vinho do palácio chamado “Palácio da Bacalhôa” e o “Quinta da Bacalhôa” com a Cabernet Souvignon, monocasta, os quais são os mais renomados da companhia.
 
 Nestes jardins vislumbramos a faixada renascentista do palácio que mantem seu valor e originalidade; um labirinto lembrando os Jardins de Versalhes na França e ao centro como símbolo da pureza a água; duas taças grandes representando a comemoração das vindimas, colocam ali as uvas e celebram o vinho com os funcionários do grupo, anualmente em setembro e; por toda sua extensão há belíssimas obras de arte que enchem nossos olhos. 
 
Por fim chegaremos a linda casa do lago onde suas águas vêm diretamente da Serra da Arrábida, em outrora, era um lugar para cortejar as mulheres, onde os nobres cavalheiros navegavam em companhia de suas musas. Atualmente, a família reside no piso superior do palácio e, as crianças aproveitam o belo lago com banhos e brincadeiras na época do verão. 
 
O Palácio da Bacalhôa é considerado um museu vivo, além de suas magníficas obras de arte, os seus espaços podem ser arrendados para eventos. 
Belos cantos e recantos portugueses que nos encantam…
 
Continuaremos no próximo artigo…
 
 

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