Liliana Borges

13/03/2021 00h50
 
CREIRO, Fábrica Romana…
 
 
Creiro é uma das belas praias situada na Serra da Arrábida no Distrito de Setúbal, especificamente entre a Praia do Portinho da Arrábida e a Praia dos Coelhos, a cerca de 60 km de Lisboa. Além de sua beleza natural possui um sítio arqueológico da época romana relativo ao séc. I ao IV d.C.
 
Na altura que os romanos dominaram a região houve um grande desenvolvimento relativo a indústria de salga de peixe na foz do Rio Sado que se estendeu pela Arrábida, inclusive a produção de molhos e salgas era exportada para várias regiões do Império. Dizem que as exportações que levavam os produtos, também, traziam outras coisas de valor a mais que o dinheiro, “o conhecimento e as ideias”. Provavelmente o Cristianismo tenha entrado por uma destas portas na Península Ibérica. 
 
Ademais a indústria da pesca favoreceu outras atividades que envolvia a fabricação dos produtos até o destino final como a produção e reparação de barcos, manufaturação de utensílios utilizados para sua comercialização, criação de inúmeros postos de trabalho, entre vários outros que contribuíram para o desenvolvimento econômico na altura.
O “Garum” fazia parte da sua produção que era um condimento à base de peixe muito apreciado na antiguidade e os produzidos em Portugal foram considerados entre os melhores. Esta iguaria como era muito rica em proteínas e ácidos gordos, bastante saldável foi de grande valia para a nutrição na época. Transportavam como os azeites, mel, vinhos em ânforas, vasos feitos de barro com duas alças para armazenar alimentos, utilizados na antiguidade desde o neolítico. 
 
As ruínas são compostas por oficinas, fábrica, armazéns e balneário em espaço independente. A fábrica é cercada por grosso muro constituído por blocos de pedra ao modo romano que se destacavam nas suas construções, possuía 11 tanques utilizados para o fabrico de conserva de peixes, os quais eram feitos de lombos de cavala, sardinha e atum e, ainda, existia um pátio que abria para a área externa. 
 
Cabe ressalta que alguns recintos foram apenas parcialmente explorados e outros até o presente não foram escavados, a exemplo do poço, balneário, armazéns, e assim, ainda há muito a descobrir e pesquisar.
 
No local existiu várias ocupações em períodos diferentes, parte da oficina de salga foi uma lixeira por volta dos séculos IV ao V e, como também, foram encontrados vestígios referentes aos Almóadas, relativo ao domínio muçulmano que permaneceram na península em torno de 700 anos. Entretanto em 1907 é que houve conhecimento do sítio e somente em 1987 iniciaram a campanhas das escavações arqueológicas.
 
Voltando para nosso tempo, como já mencionei em artigo anterior, as praias na Arrábida são bastante concorridas na época de verão e esta não poderia ser diferente com sua paisagem estonteante que se destaca com a presença de uma ilhota na sua frente, a graciosa Pedra da Anicha. 
 
Suas águas cristalinas também possuem alternância de cores, o domínio do verde que é refletido pela vegetação, em alguns momentos chega ao azul celeste, outras vezes o prateado e dourado com a colaboração de nosso astro rei iluminado o deslumbrante cenário.
 
Lugar com uma paisagem fascinante e, além disso, nos possibilita viajar no túnel da história…
 
Vale muito conhecer…
 

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