Liliana Borges

01/04/2022 09h59

 

TUK TUK, Centro Histórico de Lisboa…

“Tuk Tuk” é um pequenino e potente veículo urbano que originalmente era um carrinho puxado por uma pessoa, muito utilizado nos países asiáticos, no século XX surgiu com motor ou pedais, na altura da II Guerra Mundial devido a escassez do petróleo favoreceu a sua utilização como táxi, atualmente é muito usual na Europa no setor do turismo, sendo na sua maioria elétrico e ecológico.

Conhecer Lisboa através de um meio de transporte destes é uma experiência ímpar, pois sobe e desce ladeiras, percorre ruas estreitas e rampas ingrimes chegando a cantos e recantos que talvez outros veículos não teriam acesso na bela Capital Lusitana que é conhecida como a “Cidade das 7 Colinas”.

Ademais, há vários roteiros que poderão ser realizados pela cidade com preço justos e como sua lotação geralmente é para seis passageiros, assim, possibilita ratear o custo entre os companheiros de viagem, além disso, o condutor é guia ao mesmo tempo apresenta Lisboa aos visitantes de forma graciosa. Eu já fiz este passeio inúmeras vezes e sempre descubro mais algumas preciosidades…

Organizei uma “Visita de Estudo” ao Centro Histórico de Lisboa para meus alunos da disciplina de “Turismo”, a qual leciono na Universidade Sénior do Montijo, sendo auxiliada por “João do Tuk” da “Tugatours”, quem comumente me acompanha pelas ruas da capital portuguesa retratando sua história acrescida de muitas curiosidades. 

Aproveitei a oportunidade para convidar amigos que estavam visitando Portugal na altura para nos acompanhar. Atravessamos o Tejo de barco e ao chegar na Estação do Cais do Sodré estavam nos esperando quatro tuks para nossa aventura que fomos guiados por João, Nelson, Fernanda e Bruno atenciosamente.

Nosso roteiro partiu em direção ao Centro Histórico, subimos a Rua do Alecrim até o Chiado, dobramos na rua Antônio Maria Cardoso onde está situado o Consulado-Geral do Brasil. Seguimos pela “Baixa”, passamos ao lado da Igreja de Santo Antônio, onde anteriormente foi a residência do religioso e lá ele nasceu.

Fizemos a primeira parada junto a Sé para apreciar e conhecer alguns de seus pormenores, depois seguimos até o Miradouro de Santa Luzia, uma das belas visões panorâmicas da cidade. Na sequência chegamos ao Bairro da Graça que foi originalmente operário, observamos o painel de Amália Rodrigues, a mais conhecida fadista de todos os tempos, feito em pedras na calçada e mais a frente avistamos o seu charmoso Largo da Graça.

 Posteriormente, chegamos ao Miradouro da Senhora do Monte onde fizemos uma parada um pouco mais prolongada para admirar do alto a linda Lisboa com excelente explanação de nossos guias identificando cada localidade, assim, todos passando a compreender geograficamente a cidade. 

Este itinerário é recheado por belíssimas “Street Arts” como o painel evocativo da “saudade” que é uma palavra expressa pela língua portuguesa, enquanto em alguns outros idiomas não possuem vocábulo semelhante para o sentimento. Obra de Mário Belém “Antes Perdida por Aqui Algures, do que a Caminho de Nenhures” que está representado por uma mulher contemplativa.

Mais adiante a pintura do artista Ozearv, “Fado Tropical em tons RGB” focada no tema da identidade cultural, uma remistura do que é virtual e imitação do realismo, por imagem de uma senhora, pássaros, flores e muitas cores. Nas proximidades, a arte de Shepard Fairey evocativa à Revolução de 25 de abril, um pouco mais a direita “Era uma Vez” de Isa Silva na Escola Natália Correia com figuras infantis como “Chapeuzinho Vermelho” nominada graciosamente por aqui “Capuchinho Vermelho”, entre outros personagens.

Continuando vem a pintura a assemelhar com azulejos por Add Fuel recentemente produzida na pandemia, o mural pretende fazer uma reflexão sobre as nossas capacidades de adaptação aos nossos ambientes e realidades e, ainda, a magnífica arte partilhada de um rosto feito a quatro mãos por Fairey e Vhils.

Na sequência, a charmosa Villa Bherta que foi projetada e construída por um empresário brasileiro para seus operários, Joaquim Torjal que era filho de emigrantes portugueses. Além do belo casario está sempre presente a arte, atualmente a pintura da artista Sphiza que substituiu a “Marcha” do autor Francisco Garcia. 

Depois fomos em direção a Santa Apolónia, virando à direita no Campo de Santa Clara, onde acontece nas terças e sábados a famosa “Feira da Ladra” com inúmeros artigos de antiguidades, paramos para algumas fotografias junto ao mural de 50.000 azulejos de André Saraiva, continuamos até o Panteão Nacional, onde estão os restos mortais de personalidades portuguesas como Amália Rodrigues.

Seguimos até o Museu do Fado no Largo do Chafariz, o Largo de Terreiro do Trigo, onde há uma ingrime escadinha que somente passa uma pessoa de cada vez, prosseguimos junto ao Tejo e voltamos a cruzar a Baixa, passamos pela Praça do Município, onde está a Câmara Municipal de Lisboa e próximo o Museu do Dinheiro, mais adiante o Largo do Carmo com as suntuosas Ruínas do Convento.

E, ainda, fomos à Zona da Trindade, mais um pouco paramos no Miradouro de São Pedro de Alcântara, atravessamos o Bairro Alto que é frequentado por muitos jovens nas badaladas noites lisboetas, posteriormente vimos o miradouro de Santa Catarina à distância que está situado o Museu da Farmácia, e próximo o Elevador da Bica. Seguimos para o Chiado até o Largo de Camões, descemos a Rua do Alecrim e chegamos ao final do percurso no Mercado da Ribeira.

O trajeto foi aproximadamente duas horas pelas ruas lisboetas recheado de história, curiosidades, momentos agradáveis de convívio e, além de tudo isso, confortavelmente subindo e descendo ladeiras.

Amo visitar Lisboa nestes graciosos Tuk Tuks, realmente é imperdível…

Uma tarde muito bem passada…

 

Confira o vídeo sobre a matéria no meu canal no YouTube: LILIANA BORGES EM PORTUGAL

https://youtu.be/hKuKZT-SJEM


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