Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

17/07/2024 08h31

Deu a louca no Brasil

O filme “O Show de Truman”estreou em 1998 (26 anos atrás) e na trama Truman Burbank (Jim Carrey) é um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional, ou seja, sua vida foi uma grande ilusão, feita pelo Capital. Ele era uma marionete.

No Brasil, com “z” para muitos que carregam a “síndrome de vira-latas”, com todo respeito e carinho pelos “caramelos”, temos uma sociedade adoecida e que vive em “mundos” dispersos e diferentes e que tem visões de mundo muito diferenciadas. Cada segmento vive num sombrio “Show de Truman”, dado que suas emoções e ações se baseiam numa ilusão. É a sociedade da tragédia, consequência da tão contestada “sociedade de classes”.

Uma parte considerável da sociedade, aquela que mergulhou de corpo e alma, nas narrativas mais grotescas que uma sociedade moderna já vivenciou, está literalmente comprometida com a construção de um mundo em que a “liberdade” é um conceito meramente relativo, dado que é a “sua” liberdade que prevalece. Esse delírio, iniciado antes de 2018, foi alçado a uma “narrativa oficial” a partir de 2019 e contaminou, de fato, parte da sociedade, tanto é que o seu expoente maior, o fascista Bolsonaro, ainda detém forte influência, mesmo que TODAS as provas coletadas por dezenas de processos, o coloque em várias cenas de crimes, de toda a natureza.

As pessoas, entorpecidas pela ignorância, que é alimentada por uma horda de políticos que enfim revelaram sua verdadeira natureza, não apenas desconsideram todos os crimes desse patético e seboso ser, como o defendem de forma tão ridícula, que acaba por se tornar algo natural ser imbecil e idiota. Essas pessoas, lembremos, há menos de dois anos, estavam nas portas dos quartéis, alucinadas, pregando abertamente o Golpe; rezando para pneus; chorando e orando nos muros dos quartéis; marchando ao estilo exército brancaleônico; e tendo delírios coletivos. Essas pessoas atacaram, em 8 de janeiro de 2023, apenas 7 dias depois da posse de um presidente, todos os símbolos da república, instigadas e apoiadas por vários generais e pelo governador de Brasília e sua milícia local.

Como defender um elemento que, enquanto milhares estavam sufocando com falta de ar, ficava “tirando onda” nas suas patéticas lives semanais? Como defender um marginal que tentou tomar, por dentro, as estruturas republicanas, transformando o governo federal numa grande prefeitura, sujeita aos favores e com a máxima de “aos amigos tudo, aos inimigos a corrupção e perseguição”? 

Defensores resolutos de Bolsonaro e sua trupe, que hoje estão deambulando no Senado e na Câmara de Deputados, se mostram tão canalhas quanto seu “chefe”, pois simplesmente ignoram as dezenas de crimes cometidas por essa gangue, cujos crimes vão desde as coisas mais patéticas, como a de esvaziar o lado do Palácio do Planalto, e matar as carpas dadas pelo governo japonês; roubo de joias, gravações mostrando como eles deturparam as instituições republicanas, para proteger os rebentos do chefe; chegando a condução e liderança de uma tentativa de Golpe de Estado.

Os que continuam a defender Bolsonaro, são atores desse “mundo de Truman” sombrio e revelam o quanto uma sociedade tão marcada pelas desigualdades sociais foi capturada por essa insanidade política, que detém, ainda, forte apoio em todos as camadas e que pode, infelizmente, ampliar seu poder nas eleições municipais deste ano.

Espero que não.

 


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