Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

08/01/2025 05h52

8 DE JANEIRO : DIA EM QUE O BRASIL FICOU A UM PASSO DO FASCISMO

Hoje, 8 de janeiro, marca uma data que deveria ser colocada na perspectiva histórica. Deveria ser um dia que poderia ser chamada de “Dia da Infâmia”, mas eu colocaria como uma data em que decadência da democracia neste país chegou perto do seu limite.

Uma afronta a República! Mas, passados dois anos desde a tentativa bizarra de tomada de poder por um presidente que não era mais presidente e por uma coligação variada da grupos sociais, parece haver um movimento de amortecimento da importância do evento. Isso não é fantasia. Os empresários do agronegócio, que se jacta de ser o “motor do país”, mas que vive literalmente “mamando nas tetas do governo”, com um enorme rol de benefícios dadas por este, certamente tem o dedo nessa tentativa; vastos segmentos sociais, animados por uma visão evangélica fundamentalista, que tornaram os seus templos como centros de irradiação ideológica do bolsonarismo fascista; centenas, talvez, milhares, de políticos, de menor ou maior importância; que emularam descaradamente o Golpe; e os “fardados”, que retomaram o trilho normal de sua existência, que é de postular como o “poder moderador”.

O Brasil é um “país de memória fraca”, mas isso é só meia verdade. Aqui mesmo, na taba, vemos diariamente animadores de torcida do fascismo, exercerem o papel de parlapatões e grasnar ruidosas bobagens que, nessa quadra histórica, acabam por influenciar muitas pessoas que acreditam nesses elementos e passam a acreditar que, se não houve a consumação do ato golpista, não houve golpe, ou como alguns políticos descarados, e aqui no RN temos muitos, defendem a tese de que essas pessoas, que atacaram e dilapidaram a Câmara de Deputados, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), eram pessoas de boa índole, como as tais “velhinhas” ou pessoas que foram “orar pelo Brasil” e aproveitaram para espalhar o caos e a desordem. Esses políticos são representantes mais grotescos da nossa decadência e estão aí: são prefeitos, governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores.

A descoberta de um macabro plano para matar o presidente, o seu vice e um ministro do STF, por militares de alta patente e por oficiais do Exército, além do animado apoio do comandante da Marinha, mostrou que o país não se livrou do fantasma do golpe. Aliás golpes e tentativas de golpes, fazem parte da história republicana deste país e a inoculação do respeito aos poderes republicanos fracassou. As forças armadas, que nunca foram esteio de nada, são, ainda, uma sombra agourenta sobre o país.

Naquele 8 de janeiro de 2022, o Brasil esteve por um fio. Não foi uma fancaria, mas o desaguadouro de um processo, que começou no dia 1° de janeiro de 2019, com a posse desse ser socialmente deformado, o quasímodo sombrio, a quem chamo de “Boca Podre”, pois de sua “cavidade bocal” só saíram blasfêmias sociais e forjaram um vasto exército de zumbis que hoje o veneram ou que o toleram. O que poucos atentam é que pequenos minigolpes foram desferidos ao longo do mandato desse sujeito e o processo eleitoral de 2022 foi corrompido por ações de aparelhos de Estado, que tentaram impedir milhares de eleitores a se deslocarem para os seus devidos lugares de votação e se não fosse a ação rápida de uma única pessoa, Alexandre de Morais, e o “Boca Podre” poderia ter sido reeleito e passaríamos mais quatro anos mergulhados no pântano fascista.

O 8 de janeiro, que começou com o Golpe de 2016, deveria ser tornado um dia para marcar a vitória de uma democracia capenga sobre os arruaceiros fascistas, para lembrar que o vírus fascista está espalhado pela sociedade e os seus efeitos, principalmente entre os mais jovens, a classe média e os mais pobres, os que são os mais afetados pelo neoliberalismo reacionário, gerando um país dividido entre quem quer viver num país minimamente estável e um que quer ser governado por uma turba de ensandecidos e desequilibrados, com baixa capacidade cognitiva e com um forte rancor e um ressentimento primitivo, que o faz colocar a civilidade de lado.

Que nunca mais tentem quebrar a já trincada democracia e que os democratas, de todos os matizes ideológicos, expurguem, de vez, essa malta fétida que todos os dias macula a civilização. Devem ser postos onde merecem: no lixo da história.

Viva a democracia!

 

 


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