Wellington Duarte
Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels
05/03/2025 12h37
A Luta de Classes e as Gerações
Se existe, na forma real ou abstrata, é a Luta de Classes. As tentativas de “enterrá-las”, depois do “fim do comunismo”, trouxeram, de fato muitas análises que afirmavam que a sociedade caminhava para um “novo momento”, que a superação das lutas de classes era a expressão viva da morte do “comunismo”, salientando que o termo “comunismo” é uma espécie de ópio que é sofregamente absorvido pelos intelectuais orgânicos da direita e que, transformado em demônio pelo fundamentalismo religioso, afetou a percepção das pessoas sobre algo que, longe de ser uma “ideologia”, é um modo de produção concreto e objetivo.
Passados mais de 34 anos desde o patético discurso do presidente da já morta URSS, Mikhail Gorbachev, em 25 de dezembro de 1991, anunciando que o morto estava morto e ele sequer fora convidado para o enterro, que ocorrera dias antes em Minsk, onde está a “sociedade do futuro”, um “mundo sem guerras”, uma sociedade onde os indivíduos teriam a liberdade de falar e fazer sob o manto da “liberdade”? Onde a sociedade liberal burguesa entregou o pacote de promessas de crescimento, enriquecimento e felicidade?
E nesse caldo de sonhos e pesadelos, em que surgiu a categoria sociológica de “geração”, que não surgiu de uma IA, mas de estudos de Karl Mannheim, que em 1928, portanto 97 anos atrás, disse que “Jovens que experienciam os mesmos problemas históricos concretos, pode-se dizer, fazem parte da mesma geração”. Daí em diante, centenas de estudos foram feitos e materiais científicos produzidos, e eu imagino se isso fosse feito hoje, qual seria o resultado dessa investigação.
Hoje fala-se em “seis gerações”, a saber:
1 - Baby Boomers: nascidos entre 1946 e 1964;
2 - Geração X: nascidos entre 1965 e 1980;
3 - Geração Y ou Millennials: nascidos entre 1981 e 1996;
4 - Geração Z: nascidos entre 1997 e 2010;
5 - Geração Alfa: nascidos a partir de 2010 (atualmente com até 10 anos);
6 - Geração Beta: embora não haja consenso, para uns, esta geração nasce a partir de 2020 e para outros, 2025.
É uma divisão que parte da definição de que uma geração é formada por um conjunto de pessoas que nascem em uma mesma época, cujo contexto histórico influencia no comportamento, costumes e valores em relação à evolução.
Para os que criaram essa divisão, cada geração carrega em sua visão de mundo, em sua forma de relacionamentos e em sua maneira de se vestir, os acontecimentos de sua época, tanto os culturais, políticos, sociais, como os econômicos. Cada uma delas apresenta características próprias, como o pensar, o agir, o aprender e o comportar-se nos diferentes ambientes.
Dentro dos limites de uma coluna, encerro esta, deixando muitas interrogações. Eu me “enquadro” na “Geração X”, e você leitor?
E como uma espécie de Post scriptum, deixo uma passagem de Karl Marx do seu famoso, e pouco lido, “O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte”, publicado em março de 1852, portanto 173 anos atrás.
“Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram. A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem estar empenhados em transformar a si mesmos e as coisas, em criar algo nunca antes visto, exatamente nessas épocas de crise revolucionária, eles conjuram temerosamente a ajuda dos espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem, o seu figurino, a fim de representar, com essa venerável roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empréstimo, as novas cenas da história mundial.”
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).