Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

RN: quo vadis?

09/04/2025 08h43

Que o Rio Grande do Norte nasceu das fazendas de gado, não resta a menor dúvida. Que o Rio Grande do Norte foi moldado por uma pequena elite que sempre olhou para o aparelho público, mesmo quando esse aparelho era incipiente, acredito que não reste a menor dúvida. O problema é que os fantasmas do passado assombrar esse pequeno estado que, malgrado dois governos progressista, não consegue decolar.

 

Couro, gado, açúcar, algodão e petróleo foram os produtos que forjaram o litoral e o sertão, e o último citado poderia ter sido o elemento dissonante dessa monotonia econômica que foi e é o Rio Grande do Norte, que é mais movido a discursos do que a ações efetivas. E que não se culpe a atual governadora por esse insistente atraso, já que a mesma, tal qual o governo central, vive a mercê de um sistema político feito para manter o grupo dominante no poder. 

 

O que não deixa de chamar a atenção é a falta de um olhar para o futuro, já que, pautado pela organização fiscal-orçamentária, os governos se “organizam” para o quadriênio, ou seja, curto prazo. Sem a possibilidade de planejar nos médio e longo prazos, os governos se enroscam nessa lógica e perdem o sentido de tempo.

 

Um outro fator é a forma de estrutura dessa federação, feita para não funcionar, visto que o menor ente, o município, está sempre sendo colocado como o núcleo de construção desse país, com o “municipalismo” sendo um elemento central dessa forja e inverter a lógica do planejamento, com um discurso demagógico de que no município é onde está o cidadão. Ora, se não existissem municípios existiriam os cidadãos, mas não se trata de criticar a existência de municípios, já que isto está cravado na Constituição, mas do efeito que isso provoca na condução das políticas econômicas.

 

E o efeito disso, no Rio Grande Norte, é a forma, por exemplo, como a economia local se desenvolveu ao longo dos últimos 50 anos. É quase um padrão citar o governo de Cortez Pereira como um dos grandes governos, devido a sua perspicácia em olhar a necessidade de cria o mínimo de projetamento, o que não deixa de ser verdade, mas é bom lembrar que, seguindo o “quadrienismo” o impulso gerou projetos que na década de 80 já tinham sofrido grande desgaste, já que tudo se concentrava no financiamento e um país em crise fez com que a economia encolhesse os recursos para tal.

 

Depois veio o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (PROADI), que nasceu torto, já que nada tinha a ver com a perspectiva de desenvolvimento a longo prazo, mas como socorro financeiro e que foi reformatada como Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do RN (PROEDI), que manteve a lógica do PROADI: benefícios fiscais. Como vivemos na eterna Guerra Fiscal, um estado tem que se virar na busca de fazer sua indústria se desenvolver e no caso do RN, onde a esmagadora maioria das empresas é de pequeno porte, é quase uma necessidade que o setor público esteja sempre pronto a ampará-la, não é verdade FIERN?

 

O setor empresarial potiguar tem sempre o discurso pronto: o setor público deve criar as condições para que a livre iniciativa tenha a mobilização necessária para se desenvolver. Basta olhar para a história de todo o século XX e dessas duas décadas do século XXI, para ver o quanto o setor público serviu ao setor privado e recebeu muito pouco em troca. Muitos milhões em benefícios fiscal, que para um estado pobre representa um recurso precioso, e poucos resultados longevos.

E o RN continua assombrado pelos fantasmas do passado. Será necessário um grande exorcista para resolver isso.

 


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