Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

Brasil: orai por nós

26/03/2025 10h53

 

Perdemos de 4 a 1 da nossa principal rival, a Argentina. Perdemos feio. Fomos atropelados e saímos literalmente com “o rabo entre as pernas”. Perdeu o conservadorismo, o medo de ser diferente. Dorival Junior é um conservador. Eu não sou especialista em futebol, mas sou torcedor, quer dizer, espectador, porque torcer pela seleção brasileira é quase um sacrifício.

 

Olhando para a condução da política econômica do país, seguimos sendo conservadores. Parece a balela do “conservador nos costumes, liberal na economia”. Seguimos um ritual chamado “monetarismo”, que segue à risca o dogma de que a moeda é um estabilizador da economia, ou seja, a moeda, que é uma mercadoria, é ungida como o elemento central de toda a dinâmica econômica. E muitos acreditam nisso.

 

Aliás é divertido ver como os liberais de proveta, os bolsonaristas-fascistas, os meios de comunicação e uma miríade de “especialistas de internet”, substituem o Estado, o eterno “malvadão”, que é um elemento que deprime as “iniciativas empresariais”, pela MOEDA, que como qualquer mercadoria, tem um caminho próprio e é uma das variáveis de ajuste de políticas econômicas.

 

Eu estou “socando” os monetaristas, mas o alvo mesmo é o Banco Central, esse sim alçado a “moderador” da economia brasileira, por um Congresso conservador (hoje é reacionário!) e seguiu à risca o que o Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda: uma economia, para crescer, precisa ser sempre “regulada”. Ora, que “regulação” é essa senão deprimir a demanda, que aos olhos caolhos dos liberalistas, é sempre uma variável perturbadora?

 

E o Banco Central, que controla, de fato, o caminho a ser seguido por qualquer governo, quer deprimir a demanda para “conter a inflação”, ou seja, os trabalhadores, aqueles que efetivamente criam a riqueza, estão fadados a verem sua renda comprimida para que a inflação fique controlada. 

 

Pode ser que os diretores do Banco Central vejam a demanda como um “bicho-papão”, exatamente porque ao consumir, abre-se a necessidade de produzir, e numa economia periférica, desindustrializada e desbalanceada entre as regiões, a oferta não consegue responder aos efeitos de um aumento de renda. 

 

E com essa visão anacrônica, os governos estão condenados a seguir o que o Banco Central determina e ficará sujeito a um aumento constante das taxas de juros Selic, que é aquela que remunera os títulos públicos, ou seja, para combater a inflação se aumenta o endividamento público porque os governos precisam dele para fazer investimentos, ou os senhores liberais acham mesmo que o setor privado tem a capacidade de induzir qualquer economia? Se a resposta for sim, parabéns, vocês estão em Nárnia.

 

A realidade é que a demanda, vulgarmente chamada de consumo, não pode ser o principal elemento de fortalecimento da economia, a não ser que essa economia seja uma forte produtora de bens de capital, algo que o Brasil não é, exatamente porque os “liberais de proveta” tornaram o país assim e querem que o país continue assim.

 

E o governo, minoritário, cercado pelos bolsonaristas-fascistas, especialistas em criar caos; acossado pelo “mercado”, o vampiro sempre de plantão; e dirigido por pessoas que, podem até ser progressistas, mas que foram “contaminadas” pelo monetarismo ortodoxo.

 

O Brasil é o país do futuro, só não temos como saber, olhando para o presente, que futuro será esse.

Orai por nós.

 


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).