Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
UM POTIGUAR NA JOVEM GUARDA
O pernambucano Reginaldo Rossi, considerado o “Rei do Brega”, começou sua carreira em 1964, cantando rock no grupo The Silver Jet’s e imitando Elvis Presley. Alguns anos depois mudou-se para São Paulo, onde foi contratado pela gravadora CBS – a mesma gravadora de Roberto Carlos e Jerry Adriani. Seu primeiro sucesso foi a música O Pão, gravada em 1967. Por isso, muitas pessoas o consideram o cantor nordestino que fez parte da Jovem Guarda.
A partir dos anos 70, de volta para Recife, Reginaldo Rossi construiu uma carreira solo de sucesso, compondo e cantando músicas dançantes com letras românticas, sendo um dos pioneiros do estilo que mais tarde seria definido como Brega, cujos intérpretes vendiam milhares de discos no Brasil inteiro.
Gileno Osório Wanderley de Azevedo nasceu em Natal, no dia 25 de abril de 1949. Filho de militar, morou até a adolescência em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Por volta de 1960, retornou com a família para Natal, onde estudou na SCBEU (Sociedade Cultural Brasil – Estados Unidos). Voltou para o Rio de Janeiro em 1965, quando iniciou sua carreira artística fazendo dupla com Lilian, que conheceu em Copacabana, onde os dois moravam. Na época, a dupla foi contratada pela CBS e gravou a música Pobre Menina (versão do sucesso internacional Hang On Sloppy) que “estourou” em todo o Brasil. Com a conquista do sucesso, a dupla Leno e Lilian se apresentou em vários programas de TV como Os Brotos Comandam, Hoje é dia de Rock e fez várias aparições no Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos na TV Record, onde também se apresentavam com frequência artistas preferidos do público jovem, como Erasmo Carlos, Wanderléa, Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, Erasmo Carlos, Jerry Adriani e muitos outros. Com Leno, nosso estado que já tinha artistas potiguares inseridos no movimento da Bossa Nova (Hianto de Almeida) e no Forró (Elino Julião) passou a ter também a ter um potiguar fazendo parte da Jovem Guarda.
Em 1966, a dupla Leno e Lílian gravou Devolva-me, sucesso que atravessa gerações, composição de Renato Barros (o grande amor de Lílian) e que foi regravado por Adriana Calcanhoto.
Além de fazer parte da dupla com Lílian, Leno, usando o seu primeiro nome (Gileno) fazia versões de músicas estrangeiras e produziu diversas versões de músicas de sucesso como Vem (versão de Help, de Lennon e McCartney, gravada pelo conjunto The Youngsters), Sandra (gravada por Ed Wilson, irmão de Renato e Paulo Cézar Barros) e compôs algumas músicas de sucesso como O Mundo dá Muitas Voltas, (em parceria com Raulzito), gravada por Wanderley Cardoso na Copacabana Discos. Com o fim do programa Jovem Guarda, a dupla Leno e Lilian foi extinta, mas o natalense, contratado da CBS, iniciou sua carreira solo e continuou a compor; Leno conseguiu emplacar dois sucessos: A Festa dos Seus Quinze Anos e A Pobreza. Esta última se tornou um clássico pós-Jovem Guarda.
Posteriormente, Leno enveredou pelo mundo do Rock, lançando LP Vida e Obra de Johnny McCartney, que não chegou a ser lançado por ter a metade das músicas vetadas pela Censura. O disco foi arranjado e produzido por ele e Raul Seixas, que na época usava o pseudônimo de Raulzito e foi o autor de várias músicas consideradas bregas como Se Ainda Existe Amor (sucesso de Baltazar), Doce, Doce Amor (sucesso de Jerry Adrian) e Ainda Queima a Esperança, que se tornou um brega imortal na voz de Diana.
“O resumo da Ópera” é este: O pernambucano Reginaldo Rossi foi um gênio musical competente e um artista versátil que muito contribuiu para a divulgação e a valorização da música brega, merecendo o respeito e a admiração de todos, principalmente dos nordestinos. Mas o representante do Nordeste na Jovem Guarda chama-se Gileno Osório Wanderley de Azevedo, nacionalmente conhecido como Leno. Que nasceu em Natal.
Instagram: @fernandoluizcantor
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