Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
“QUEM É BREGA É MAIS FELIZ”
Gabriela Amaral dos Santos nasceu na periferia de Belém e começou a cantar em um coral da igreja que frequentava. Ainda jovem começou a se apresentar em bares da capital e posteriormente passou a fazer parte da banda Tecno Show. Sob a liderança de Gabriela, que adotou o nome artístico de Gaby Amarantos, a banda começou a utilizar o ritmo acelerado da guitarra brega, com um dedilhado originado do Calypso, e misturando este ritmo com a batida eletrônica utilizada nos bailes das Aparelhagens de Belém, fazendo uma espécie de mix com batidas eletrônicas.
Nos anos 90, outro paraense, Wanderley Andrade, inspirado pelo som dos Beatles e de Elvis Presley, depois de ser crooner de várias bandas, iniciou carreira solo em Belém do Pará. Fazendo shows para diversos públicos – inclusive turistas, – ele começou a diversificar seu repertório cantando em inglês, francês e italiano, obtendo grande sucesso. Usando um visual diferente, com uma vasta cabeleira colorida e incluindo nas suas apresentações clássicos do Pop internacional como Sultans of Swing, - sucesso mundial da banda Dire Straits (vídeo disponível no Youtube). Em 1998, ele ganhou o “Oscar do Brega”, da Associação dos Radialistas do Pará, graças ao sucesso estrondoso da sua música Melô do Ladrão. Talvez ele nem soubesse disso, mas o fato é que, Wanderley Andrade, juntamente com a banda Calypso - idealizada por Chimbinha, tendo à frente sua mulher Joelma - estava pavimentando o caminho para o sucesso de Gaby Amarantos.
Voltando a Gaby Amarantos e à banda da qual ela era a líder: para divulgar seu trabalho, a Tecno Show se utilizava das rádios comunitárias, da Internet e sons automotivos. Em 2002, começou a inserir carimbó e calypso no seu repertório; a mistura do popular com o pop internacional e os ritmos paraenses, foi realmente o que deu origem ao tecnobrega e causou uma espécie de ruptura no mercado fonográfico do Pará, que teve ressonância no Brasil inteiro.
Em 2012, Gaby Amarantos lançou seu primeiro disco solo, com a música Ex-Mai Love que foi tema da novela Cheia de Charme, da TV Globo, tornando-se sucesso nacional. Além do seu talento como cantora, compositora e atriz, Gaby Amarantos sempre chamou a atenção do público pelo seu figurino extravagante composto por brincos grandes, sapatos com leds e roupas coloridas.
Gaby Amarantos foi indicada a diversos grandes prêmios da música: Grammy Latino, MTV Vídeo Music Brasil, prêmio Multishow e Melhores do Ano, entre outros. Por seu trabalho, por sua firmeza na defesa pela luta contra o preconceito racial, pela defesa do Meio Ambiente e de sua ancestralidade, ela foi eleita em 2011, pela revista Época como uma das 100 Personalidades Mais Influentes do Brasil.
Ao ser convidada para se apresentar no Festival de Cinema em Cannes no ano de 2013, Gaby Amarantos preparou um figurino especial com acessórios tecnológicos e um cocar feito de penas indígenas. Em 2019, ela se apresentou no Rock in Rio, num evento denominado Pará Pop, ao lado de outros grandes nomes da música paraense como Fafá de Belém, Dona Onete, Jaloo, Lucas Estrela e o produtor musical, instrumentista e compositor Manoel Cordeiro, que produziu dois LP’s meus, quando eu era contratado da Gravason de Belém do Pará.
No sábado passado, dia 21, Gaby Amarantos fez história ao ser a primeira artista paraense ao se apresentar no Palco Mundo do Rock In Rio. Durante seu show ela celebrou o gênero brega e além de transformar o palco numa verdadeira festa “de cores, ritmos e aparelhagem”, ela disse uma frase genial, que para mim é a mais pura verdade: “Quem é brega é mais feliz”.
Instagram: @fernandoluizcantor
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