Fernando Luiz
Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
06/10/2024 05h45
SONORA BRASIL
Na quinta-feira, 26 de setembro, assisti um show inesquecível. Naquele dia, no Largo Ruy Pereira, (antigo Bar do Zé Reeira), reencontrei um grande amigo meu. Reconhecido nacionalmente e ganhador do prêmio Multishow de Música como produtor de um CD de Fafá de Belém, Manoel Cordeiro, que produziu dois LP’s meus pela Gravason, de Belém, se apresentou no evento Sonora Brasil promovido pelo SESC. Trata-se de um projeto temático que tem o objetivo de resgatar a memória da música brasileira e estimular a ampla divulgação de antigas e novas práticas de apreciação de música popular e de tradição oral.
Poucos minutos depois da minha chegada no Largo Ruy Pereira, chegou ao local o meu amigo José Orlando, que também teve LP’s produzidos por Manoel Cordeiro.
O projeto Sonora Brasil promove apresentações acústicas, cujo objetivo principal é - como o próprio nome diz - valorizar a autenticidade sonora do trabalho dos artistas participantes do projeto. O Sonora Brasil é realizado em cidades previamente selecionadas e aprovadas em um projeto de alcance nacional.
Em 2024, o projeto está percorrendo vários estados, entre os quais Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Na edição realizada em Natal, além de Manoel Cordeiro e seu filho Felipe Cordeiro, também participaram Mãe Beth de Oxum, Henrique Albino e Surama Ramos. Antes da apresentação em Natal, o projeto passou por Currais Novos, Timbaúba dos Batistas (onde nasceu Elino Julião), Caicó e Mossoró. Na edição que se realizou em Natal, fiz questão de chegar cedo para assistir a todas as apresentações. A abertura foi com os pernambucanos Mãe Beth de Oxum, Surama Ramos e Henrique Albino.
Mãe Beth de Oxum além de ialorixá, é percussionista, emboladora de coco e ativista cultural. Durante sua apresentação, cantou, fez as pessoas dançarem e deu vários recados contra o racismo, a homofobia e as desigualdades sociais, defendendo as minorias e combatendo o preconceito contra as manifestações culturais tradicionais.
A cantora Surama Ramos fez parte do grupo Orquestra Contemporânea, liderado pelo percussionista pernambucano conhecido internacionalmente, Naná Vasconcelos. Durante a sua apresentação cantou algumas músicas autorais, cujos ritmos, ricos em sons percussivos, também fizeram as pessoas dançarem. Com uma afinação extraordinária, Surama, além de cantora e compositora é preparadora vocal, atividade através da qual orienta e ajuda na formação de cantores amadores e profissionais.
Henrique Albino, músico e arranjador pernambucano, tem uma sólida formação musical. É considerado um músico que faz um trabalho “fora da curva”, ou seja: fugindo de obras convencionais. Durante sua apresentação solo, foi acompanhado apenas pelo percussionista e manteve o clima animado do público presente. Depois do show de Mãe Beth de Oxum, Surama Ramos e Henrique Albino, foi a vez da apresentação de Manoel Cordeiro.
Grande nome da música regional amazônica, Manoel Cordeiro é um dos mestres da guitarrada, ritmo popularíssimo em toda a região Norte. Além de exímio instrumentista, é produtor musical e tem profundo conhecimento de sons e ritmos latinos como a cúmbia, a salsa, o zouk e o merengue. Autodidata, ele fez parte de várias bandas de baile nos anos 70 e posteriormente começou a participar de gravações de inúmeros cantores e bandas, tocando teclado, guitarra e violão. Tornou-se produtor e criou a banda Warilow, que nos anos 90 fez grande sucesso. Posteriormente dedicou-se à promoção e divulgação da música e da cultura da Amazônia, de cuja sonoridade tornou-se um ferrenho defensor. Pelo seu trabalho, passou a ser considerado uma das lendas vivas da música brasileira.
O seu show no Largo Ruy Pereira, juntamente com seu filho Felipe Cordeiro - acompanhados por um baixista e um baterista -, foi o ponto alto da noite. Com quase a totalidade do repertório formada por músicas autorais – algumas delas cantadas por Felipe – a sonoridade amazônica invadiu o largo Ruy Pereira contagiando a todos; pai e filho deram um show de versatilidade com solos de guitarras primorosos que impressionaram a todos pela técnica exuberante que exibiram; a tarde-noite de música e cultura foi uma explosão de ritmo e musicalidade no centro de Natal.
Em determinado momento, perto do final da apresentação, Manoel Cordeiro registrou minha presença e a de José Orlando falando um pouco do seu trabalho como produtor de nossos discos e depois nos convidou ao palco para uma sessão de fotos.
Parabenizo o SESC pelo projeto Sonora Brasil e, particularmente, ao SESC RN pela organização impecável do evento e por proporcionar ao Rio Grande do Norte momentos maravilhosos de riqueza cultural. Inegavelmente, o projeto Sonora Brasil é de super importância para a preservação das tradições musicais do nosso país.
Obrigado, SESC.
Instagram: @fernandoluizcantor
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