Músico, Empreendedor Cultural, Produtor musical e diretor da Escola Oficina Livre de Música.
A Memória Liberta
Por Janduhi Medeiros
Nos primeiros anos da década de 1960, eu era apenas um menino e vivia na pequena cidade de Ouro Branco, no coração do Seridó, no Rio Grande do Norte, onde nasci. Naquele tempo, a cidade não tinha sala de cinema, não tinha televisão e sequer dispunha de energia elétrica. Mas, em compensação, havia muitos contadores de histórias. Era comum passar as noites ouvindo relatos e causos, que se entrelaçavam como fios de uma rica teia cultural.
De vez em quando, no entanto, algo extraordinário rompia a monotonia das noites de lampião: alguém chegava à cidade em uma caminhonete rural, trazendo um filme para ser exibido. O prefeito autorizava que a projeção ocorresse no mercado público, e isso mobilizava a população. Quem quisesse assistir pagava um ingresso a preço popular e precisava levar a própria “poltrona” — geralmente um tamborete ou banco simples. Era uma verdadeira festa, uma reunião comunitária onde a curiosidade e o encantamento dançavam juntos sob o céu estrelado.
Foi nesse contexto que assisti ao meu primeiro filme. A lembrança permanece vívida: a ansiedade ao lado do meu pai, o tamborete na mão, caminhando pelas ruas de terra batida até o mercado. A magia do cinema, mesmo em preto e branco, iluminava não só o improvisado telão, mas também os rostos daquelas pessoas simples, fascinadas pelas imagens em movimento que pareciam contar histórias vindas de outro mundo.
Hoje, ao ver Fernanda Torres receber um dos prêmios mais prestigiados do cinema mundial, recordo aquele momento inaugural. Penso no quanto a arte, seja através do cinema ou dos contadores de histórias, tem o poder de transcender limitações e reunir pessoas. Em meio aos debates necessários para a consolidação da nossa democracia e a construção de uma sociedade livre, aquela memória do menino com seu tamborete na mão me faz perceber a importância das narrativas em moldar nossa visão de mundo. Mais do que isso, revela como elas fortalecem os laços que nos unem como cidadãos, capazes de construir, juntos, a liberdade.
Destaque Cultural
Começa hoje, 09/01/2025, às 11h30, no Centro de Convivência da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a tradicional Roda de Choro da UFRN. Trata-se de um projeto de extensão coordenado pelos professores Fernando Deddos, Gilvando Silva e Jotapê em parceria com a comunidade e instituições de ensino, como é o caso do RN do Pandeiro, a escola Oficina Livre de Música e o Choro do Caçuá.
O diferencial dessa roda de choro é que as pessoas da comunidade podem chegar com o instrumento que tem afinidade e tocar junto com os músicos profissionais. O que torna a roda interativa, didática e prazerosa ao mesmo tempo.
Agenda Cultural Potiguar Notícias
10/01/25 – 19h – Herik e Trio Band – Sempre Rock Bar/Ponta Negra;
10/01/25 – 20h - Jota P. Pires – Carrancas Bar/Pium;
10/01/25 – 20h – Fest Verão: Nara Costa – Àguas de Tabatinga/Praia de Tabatinga;
11/01/25 – 15h - Duo Damas Difusas – Auditório do Parque da Cidade;
11/01/25 – 18h – Lual de Verão: Rafa Barros – APURN/Praia de Pirangy;
11/01/25 – 19h – Mister Nostalgic – Sempre Rock Bar/Ponta Negra;
11/01/25 – 20h – Zé Caxangá e seu Conjunto – Carracas Bar/Pium;
12/01/25 – 20h - Luan Lennon – Carrancas Bar/Pium;
13/01/25 – 20h – Samba: Segunda de Vagabundo/Rocas;
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