13/09/2023 11h31
Nos últimos meses, o Mormo, zoonose causada pela bactéria, Burkholderia Mallei, vem causando preocupação para as autoridades sanitárias e para criadores de equídeos (cavalos, burros, mulas e jumentos) que são os principais animais afetados pela doença, que pode ser transmitida para os humanos. Para esclarecer e tirar dúvidas sobre o assunto, o médico veterinário e doutor em imunologia, Flábio Araújo, foi entrevistado do PotyCast desta quarta-feira (13), sob a apresentação da jornalista Andrezza Tavares.
O que é o Mormo?
A doença fatal que acomete os equídeos, está na lista das doenças de notificação obrigatória da Organização Mundial de Sanidade Animal (OMSA).
O especialista explica que a zoonose nos cavalos se manifesta de forma crônica, enquanto nos outros equídeos a doença tem caráter mais agudo, isto é, adoece com facilidade.
Regulamentado pelo Ministério da Agricultura, o Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE), determina os parâmetros para os diagnósticos de doenças, como o mormo, que é fatal e não existe vacina.
“Quando algum animal está sob suspeita, os exames devem ser feitos por um Médico habilitado pelo Ministério da Agricultura e encaminhados para Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária Credenciado pelo MAPA (Ministério de Agricultura e Pecuária) e são encaminhados para os laboratórios, que na região nordeste se encontram no Recife”, relatou o médico veterinário, que destacou ainda que se o equídeo testar positivo, deve ser sacrificado.
Exames
Olhar clínico do veterinário
Identificação direta da bactéria por meio da coleta de material genético do animal
Exames de sangue
Exame ELISA
E outros específicos
Formas de transmissão
Por meio da respiração (aerosol), ao beber água o animal infectado pode transmitir,
Aglomeração de animais
Compartilhamentos de arreios, esporas sem higienização
Principais sintomas nos animais
Catarro,
Dificuldade em respiração
Emagrecimento
Transmissibilidade para os humanos
Apesar de ocorrer casos em humanos, a doença não é transmitida com tanta facilidade como ocorre entre animais, “não é tão frequente”, garante Flábio Araújo. Mas caso a pessoa seja infectada, deve procurar tratamento o mais rápido possível.
Apesar de uma suspeita de transmissão para humano ter sido registrada em 2015, numa cidade do RS, no Brasil não há registro de casos em humanos.
Em outros países casos foram documentados em veterinários, cuidadores de cavalos, e ainda em profissionais que atuam em laboratórios. De acordo com a Nota Técnica do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), divulgada em 2021, há registros de mormo em humanos nas seguintes regiões: África, Ásia, Oriente Médio, América Central, América do Sul.
Sintomas
Os sintomas em humanos podem variar entre infecção localizada, pulmonar e sanguínea. Entre os sinais estão: febre com calafrios, dores musculares, dor no peito, corrimento nasal, dor de cabeça, sensibilidade à luz e outros, que variam de acordo com o tipo de infecção.
Dados no Brasil e no RN
Conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, em 2020, o Brasil identificou casos de mormo em animais em diversos estados. Segundo o órgão, os casos de infecção por Mormo foram encontrados em 259 propriedades, em todo território nacional, sendo o Rio Grande do Sul o estado com maior número, ao todo 42 casos.
No RN, o Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte, através de nota, esclareceu que os 20 casos de Mormo em equídeos noticiados, fazem parte de notificações confirmadas durante todo o primeiro semestre de 2023.
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) informou que nenhum caso de infecção em humanos foi registrado.
Fiscalização e controle
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou em julho deste ano, a Portaria nº 593 que traz as novas diretrizes gerais para prevenção, controle e erradicação do mormo no território nacional, no âmbito do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE). A nova legislação rege a prevenção, controle e erradicação do mormo no Brasil.
Fonte: Da Redação do PN, Gabriele Borges (Com supervisão de Marclene Oliveira)