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FAB inicia exercício CRUZEX 2024, com simulações de guerra e foco em cibersegurança

04/11/2024 15h07

FAB inicia exercício CRUZEX 2024, com simulações de guerra e foco em cibersegurança

Foto: Reprodução / FAB
A Força Aérea Brasileira (FAB) deu início ao Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX) 2024 neste domingo (3), na Base Aérea de Natal (BANT). Esse é o maior treinamento militar da América Latina e envolve 16 países, com mais de 3 mil militares e cerca de 100 aeronaves de combate e apoio. Na abertura, o Major-General Ricardo Guerra Rezende, Diretor de Instrução, conduziu um briefing inicial, destacando as diretrizes e o planejamento das atividades que ocorrerão até o dia 15 de novembro.
 
Além do treinamento conjunto, a CRUZEX 2024 traz inovações, como o Cruzex Cyber, uma simulação de guerra cibernética que visa proteger sistemas críticos para operações aeroespaciais. Usando o modelo "Capture The Flag" (CTF), as forças simulam cenários de defesa e ataque a sistemas virtuais, uma resposta à crescente importância da cibersegurança em operações militares modernas.
 
“Este exercício oferece uma oportunidade de estreitar laços com nações aliadas e colaborar no treinamento de outros países”, destacou o General Pedro Luís Farcic, Comandante de Preparação da FAB, sobre o intercâmbio entre os participantes.
 
Fases do treinamento e cenários de guerra simulados
O exercício é dividido em três fases principais. A fase inicial, FAM (Familiarização), envolve voos de ambientação para que as tripulações se adaptem à área de operações. Em seguida, ocorre o FIT (Treinamento de Integração de Forças), que permite a integração dos militares e unidades participantes. A última fase conta com voos em cenários simulados de combate, conhecidos como Operações Aéreas Compostas (COMAO), onde múltiplas aeronaves operam em missões coordenadas.
 
Os cenários de combate simulados durante o exercício incluem tipos variados de guerra: a Guerra Regular, com confrontos diretos entre exércitos convencionais; a Guerra Regional, limitada a conflitos em áreas geográficas específicas; e a Guerra Limitada, onde o uso da força é restrito, com operações militares específicas e direcionadas.
 
“Ressalto também a importância do exercício para contribuir com a ordem e a paz global, bem como para manter a soberania e a integridade territorial do Brasil”, enfatizou o Major-General Ricardo Guerra Rezende, Comandante da BANT.
 
Participação internacional e equipamentos
 
Países como Estados Unidos, Argentina e Chile integram a CRUZEX 2024, trazendo suas próprias aeronaves, incluindo modelos como o F-15, KC-130 e F-16. A troca de experiências e a interoperabilidade entre as forças são aspectos centrais do treinamento, reforçando a capacidade de resposta em cenários de guerra modernos.
 
A FAB utilizará uma frota diversificada de aeronaves brasileiras, entre elas, o KC-390 Millennium e o caça F-39 Gripen, que participa pela primeira vez de um exercício militar. Além deles, o Brasil empregará modelos como F5EM, A-1AM, A-29B, e aeronaves de transporte e reconhecimento, como o R-99 e E-99, além dos helicópteros H-36 Caracal. A Marinha do Brasil também integra o exercício com a aeronave A4.
 
Cibersegurança ganha destaque
Com o Cruzex Cyber, a FAB busca aprimorar a proteção de suas infraestruturas digitais, usando o modelo de competição CTF. Nesta dinâmica, equipes trabalham em cenários de defesa e ataque a sistemas críticos, destacando a relevância crescente da cibersegurança para as Forças Armadas. Essa inovação reflete a necessidade de acompanhar a evolução das ameaças globais e capacitar as forças para enfrentar desafios emergentes no cenário digital.
 
“A introdução do domínio cibernético e a diversidade de aeronaves aumenta nossas capacidades e garante que estejamos preparados para os desafios atuais e futuros”, ressaltou o Major-General Ricardo Guerra Rezende.
 
O papel da CRUZEX 2024 para o Brasil e para a segurança internacional
Além de fortalecer a soberania nacional e garantir a integridade do espaço aéreo brasileiro, a CRUZEX 2024 visa reforçar a ordem e a paz em cooperação com nações parceiras. Essa integração é crucial em tempos de incerteza, especialmente com o avanço das tecnologias militares e a complexidade das ameaças modernas.
 
O Comandante do Grupo da Força Aérea Chilena, General de Brigada Nelson Pardo Ocaranza, enfatizou o valor da CRUZEX para sua equipe:  “Dada a escalada da estrutura e dos recursos investidos na CRUZEX, este exercício permite que a Força Aérea Chilena fortaleça a interoperabilidade com as outras forças aéreas participantes. Ele aprimora nossa prontidão operacional ao mesmo tempo em que enriquece a troca de conhecimento e experiências na utilização do poder aéreo em um ambiente multidomínio, tudo dentro das metodologias de planejamento da OTAN. Sem dúvida, a CRUZEX é uma oportunidade que reforça os laços entre as forças participantes, validando a importância de criar espaços operacionais para um propósito comum”, afirmou.