Saúde

Huol amplia debate sobre lúpus, alzheimer e fibromialgia

10/02/2025 13h19

Huol amplia debate sobre lúpus, alzheimer e fibromialgia

Foto: Huol-UFRN/Ebserh
 
 
Conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce de doenças como lúpus, alzheimer e fibromialgia é o principal objetivo da campanha Fevereiro Roxo. A iniciativa busca ampliar o acesso à informação, contribuir para um tratamento mais adequado e eficaz e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN/Ebserh), referência no atendimento a usuários do SUS que sofrem dessas doenças, integra a campanha e reforça seu compromisso com a assistência especializada.
 
“É uma campanha de conscientização sobre Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia. No caso do Alzheimer, a iniciativa é essencial para esclarecer a população sobre os primeiros sinais da doença, promover o diagnóstico precoce e reforçar a importância de um estilo de vida saudável na prevenção. Além disso, a campanha dá visibilidade às dificuldades enfrentadas pelos pacientes e cuidadores, incentivando mais apoio e políticas públicas para essa população”, destaca a geriatra do Huol-UFRN/Ebserh, Ângela Gonçalves Costa.
 
Doença de Alzheimer
 
É a forma mais comum de demência neurodegenerativa que acomete prevalentemente idosos. A geriatra Ângela Gonçalves aponta que os principais fatores de risco incluem idade avançada, histórico familiar, sedentarismo, tabagismo, diabetes, hipertensão, obesidade e baixa estimulação cognitiva ao longo da vida. Ela ainda explica que, com a progressão da doença, surgem alterações no comportamento, como irritabilidade, apatia e desconfiança, além de perda da independência para atividades básicas.
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a demência é uma das principais causas de incapacidade e a sétima principal causa de morte no mundo. Em 2019, estimava-se que mais de 55 milhões de pessoas viviam com demência, das quais 60 a 70% eram recorrentes do Alzheimer.
 
Esquecimento de fatos recentes de maneira recorrente e progressiva, além de desorientação espacial e temporal, são sintomas que podem surgir no início do processo. “Os primeiros sinais do Alzheimer costumam ser sutis e incluem esquecimentos frequentes, dificuldade em encontrar palavras, desorientação no tempo e no espaço e dificuldades para executar tarefas do dia a dia”, explica Ângela Gonçalves.
 
Cuidados com a saúde cardíaca, exercícios físicos e intelectuais podem prevenir a doença, retardá-la ou amenizá-la. A médica ainda destaca a importância de reforçar o diagnóstico precoce, que permite um melhor planejamento do cuidado e melhora a qualidade de vida tanto do paciente quanto da família. “Além disso, apesar de não haver cura, tratamentos e estratégias podem retardar a progressão da doença e garantir maior bem-estar. Cuidar da saúde ao longo da vida é a melhor forma de se proteger contra o Alzheimer”, pontua. 
 
Fibromialgia
 
A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor muscular generalizada, sintomas de ansiedade e depressão, sono não reparador, fadiga, dor de cabeça, esquecimentos e alteração do hábito intestinal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a doença afeta 2,5% da população mundial. Seu diagnóstico é baseado em critérios clínicos, não havendo marcador laboratorial ou de imagem.
 
Francisco Alves Bezerra, reumatologista do Huol, afirma que as mulheres em geral são mais afetadas do que os homens. “A Fibromialgia é significativamente mais comum em mulheres do que em homens. Estudos apontam que cerca de 80% a 90% dos pacientes com a doença são do sexo feminino. As razões para essa predominância ainda não são totalmente compreendidas”, pontua.
 
O reumatologista explica ainda que a fibromialgia  pode ocorrer isoladamente ou em associação com outras doenças reumáticas. “É fundamental que o médico diferencie a dor da fibromialgia (que não tem inflamação associada) da dor causada por doenças inflamatórias autoimunes, pois os tratamentos são diferentes”, frisa Francisco.
 
O tratamento da doença acontece por meio de diferentes abordagens, com a associação de medicações, exercícios físicos regulares, mudanças no estilo de vida e terapia psicológica e emocional. “O tratamento da fibromialgia é multidisciplinar, pois a síndrome envolve fatores físicos, emocionais e sociais”, pontua o reumatologista.
 
Lúpus
 
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ou Lúpus, é uma doença inflamatória crônica autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, de forma lenta e progressiva ou de maneira mais rápida, podendo causar a morte do paciente em casos mais graves, se não for tratada adequadamente. Os sinais e sintomas gerais da doença incluem febre, perda de peso, cansaço, lesões na pele, queda de cabelo e artrite. Também pode acometer órgãos internos como rins, pulmão, coração e cérebro.
 
A doença é diagnosticada por critérios clínicos, não havendo marcador laboratorial ou de imagem. Os exames de laboratório podem mostrar anemia, diminuição do número de plaquetas e de glóbulos brancos no sangue, além da positividade dos anticorpos, principalmente através do exame de fator ou anticorpo antinuclear (FAN).
 
“Os sintomas do lúpus podem variar de pessoa para pessoa, e vários sinais surgem de forma simultânea ou em sequência. Incluem, por exemplo, manchas avermelhadas na pele, especialmente a clássica lesão em “asa de borboleta” no rosto; dor e inchaço nas articulações, semelhantes à artrite; anemia caracterizada por palidez acentuada, indisposição e fraqueza; alterações nos rins, como surgimento de pressão alta, inchaço nas pernas e presença de proteínas na urina; e dificuldade respiratória e dor no peito, causadas pelo acometimento das serosas dos pulmões e coração, pleurite e pericardite, respectivamente”, explica Francisco Alves.
 
O profissional enumera ainda cuidados gerais que podem ser adotados, como evitar exposição ao sol, adotar hábitos saudáveis — como alimentação equilibrada e prática de exercícios — e realizar monitoramento regular com consultas a cada três a seis meses ou conforme a situação clínica do paciente.