Trabalho e Renda
Petroleiros do RN se mobilizam no Dia Nacional de Luta contra mudanças no teletrabalho
12/02/2025 14h11
Foto: Reprodução / SindiPetro
Na manhã desta quarta-feira, 12 de fevereiro, a categoria petroleira do Rio Grande do Norte se reuniu em frente ao prédio do EDIRN, em Natal, para participar do Dia Nacional de Luta convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). O ato, organizado pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO-RN), teve como objetivo protestar contra as decisões unilaterais da Petrobrás sobre as mudanças no regime de teletrabalho.
O SINDIPETRO-RN realizou um trancasso e montou uma estrutura para dialogar com os trabalhadores sobre o desrespeito da empresa ao modificar o formato do teletrabalho sem negociação. Os trabalhadores das bases da FUP também participaram de atos em frente aos escritórios da Petrobrás no Espírito Santo (EDIVIT), na Bahia (EDIBA) e em Brasília, dando continuidade às mobilizações iniciadas na semana passada.
Conforme deliberado em assembleias, a categoria está mobilizada para impedir que as mudanças unilaterais no teletrabalho sejam implementadas. Além de aprovar o estado de greve, os trabalhadores têm realizado atos e atrasos na entrada do expediente, cobrando que a gestão da Petrobrás estabeleça um canal de negociação com as entidades sindicais. A reivindicação central é garantir previsibilidade para os empregados em trabalho remoto e impedir a imposição de novas regras sem negociação com os trabalhadores.
Na última sexta-feira (07), em reunião com a FUP, o RH da Petrobrás afirmou que ainda não possui autorização para negociar o teletrabalho e pediu um prazo de três semanas para apresentar uma resposta. No entanto, a empresa não assumiu o compromisso de não implementar termos individuais de adesão ao teletrabalho, como reivindicado pela FUP.
Além dessa pauta, o SINDIPETRORN também incorporou ao ato mais duas pautas de grande importância para a categoria local: a luta pela recompra do Polo Potiguar e da Refinaria Clara Camarão e a cobrança pelo pagamento da dívida da Petrobrás com o plano Petros.
Recompra do Polo Potiguar e Refinaria Clara Camarão
Durante o ato em frente ao EDIRN, em Natal, o SINDIPETRO-RN reafirmou a luta pela retomada de ativos estratégicos no estado e convocou a categoria petroleira e a sociedade civil para fortalecer essa mobilização.
Com o lema “Polo Potiguar e Refinaria: Se a Brava vender, a Petrobrás tem que comprar!”, o ato denunciou os impactos negativos da privatização e reforçou a necessidade de reverter esse processo. O coordenador geral do SINDIPETRO-RN, Marcos Brasil, destacou que a venda de ativos pela Brava Energia ameaça a economia local, os empregos e o futuro energético do RN.
“Durante uma visita técnica a uma plataforma da Brava, antiga 3R, em Guamaré, funcionários da empresa relataram a necessidade urgente da volta da Petrobras, pois temem um colapso iminente devido à falta de capacidade de investimento da Brava. Desde a venda do Polo Potiguar em 2022, o setor de petróleo no Rio Grande do Norte enfrenta uma crise, com redução na produção e demissões constantes. A empresa fatura apenas 1% do que a Petrobras faturava e tem adotado cortes de custo que afetam diretamente a operação e os trabalhadores, colocando em risco cerca de seis mil empregos e a economia do estado, que depende do setor.
A solução é o retorno da Petrobrás como operadora do Polo Potiguar, garantindo investimentos e recuperação da produção. A refinaria Clara Camarão enfrenta dificuldades, vendendo combustíveis a preços mais altos que os da Petrobras na Paraíba, resultando em perdas de arrecadação para o estado. Autoridades já foram acionadas para buscar uma solução que evite um colapso completo. Além disso, é essencial acelerar a exploração da Margem Equatorial, que pode aumentar significativamente a produção. Se nenhuma medida for tomada, a crise no setor de petróleo trará impactos severos para o Rio Grande do Norte”, falou Marcos, durante o ato no Dia Nacional de Luta.
O Sindicato sempre defendeu que a Petrobrás reassuma seu protagonismo no setor, garantindo a continuidade das operações e a preservação dos postos de trabalho. Além disso, o SINDIPETRO-RN tem atuado politicamente para viabilizar essa retomada, participando de audiências públicas e reuniões com lideranças locais.
O sindicato também cobra que parte dos R$ 30 bilhões previstos no Plano Estratégico 2025-2029 da Petrobrás para energias renováveis seja investida no RN, com a construção de usinas solares e eólicas, gerando empregos e impulsionando a economia regional.
Cobrança do pagamento da dívida da Petrobrás com a Petros
Outro ponto central da mobilização foi a cobrança do pagamento da dívida da Petrobrás com o plano Petros. Na última semana de janeiro, o Sindicato reuniu aposentados e pensionistas, nas sedes de Natal e Mossoró, para debater os impactos do equacionamento da Petros nos planos PPSP-R e PPSP-NR. O encontro discutiu os déficits acumulados de mais de R$ 30 bilhões e as consequências financeiras para os beneficiários.
José Araújo, diretor da pasta de Aposentados e Pensionistas do SINDIPETRO-RN, ressaltou a importância da mobilização coletiva para garantir o fim do equacionamento, que penaliza quem contribuiu por toda a vida para o plano de previdência. O Grupo de Trabalho Petros (GT Petros) apresentou propostas para mitigar os impactos, incluindo a renegociação de dívidas e a revisão das taxas de contribuição extraordinária.
Mobilização contínua
A participação expressiva da categoria petroleira no Dia Nacional de Luta reflete a insatisfação dos trabalhadores com a postura da Petrobrás em relação ao teletrabalho, à venda de ativos e à gestão do plano Petros. O SINDIPETRO-RN reafirma a necessidade de manter a pressão sobre a empresa para garantir condições de trabalho justas e segurança para os trabalhadores, aposentados e pensionistas.
Com atos programados em diversas regiões do país, a luta por direitos e pela valorização do trabalho na Petrobrás continua. O sindicato convoca toda a categoria a permanecer mobilizada para avançar nas negociações e impedir retrocessos.