Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
A castanhola é uma árvore originada do sul da Ásia, particularmente das Filipinas, Indonésia, Índia e Malásia. No Brasil, além de castanhola, a árvore tem várias denominações: castanholeira, chapéu-de-sol, sete-copas, amendoeira da praia, árvore-de-anoz, coração-de-nego, sete copas, entre outras.
A castanhola é uma árvore muito comum no Brasil, principalmente nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste, onde é amplamente utilizada de forma urbanística. No calor ela cresce com mais facilidade, proporcionando uma boa sombra; as suas folhas grandes facilitam a limpeza do local onde ela é plantada.
Em janeiro de 1860, Dom Pedro II plantou quatro mudas de castanhola na Colônia Militar Leopoldina, no interior de Alagoas, dando origem ao nome da cidade que passou a se chamar Colônia Leopoldina, em homenagem à filha do Imperador.
No Nordeste, a castanhola é uma árvore bastante comum. Embora seja cultivada como árvore ornamental, ela dá frutos que, por serem ácidos, também são preferidos por morcegos; sua copa é larga o suficiente para fornecer sombra e sua madeira é bastante sólida e resistente à água. A árvore pode crescer até 45 metros de altura.
Em Natal, no ano de 1964, uma moradora da rua Ângelo Varela, no bairro do Tirol, ordenou a um filho seu que plantasse uma castanhola na frente da sua casa. Durante décadas a árvore embelezou a rua, proporcionou sombra a quem queria ar fresco e contribuiu para amenizar o calor do local.
Com o passar dos anos a cidade cresceu e se modernizou. Surgiram os chamados arranha-céus, ruas foram asfaltadas, foram criados bairros e novas avenidas, a cidade gradativamente sofreu mudanças profundas que alteraram completamente o perfil da nossa capital; em muitos casos a Natureza pagou caro pela chegada do progresso que, como afirmou Caetano Veloso na música Sampa, “ergue e destrói coisas belas”.
Na quinta-feira passada a castanhola plantada em 1964 pelo menino Francisco Lira – que hoje é cirurgião dentista e mora em Praia Grande, São Paulo – foi derrubada. Em meio a um constante desrespeito ao Meio Ambiente em nome do progresso, algumas pessoas, no início, acreditaram que a ação havia sido uma atitude predatória do poder público – inclusive eu. Mas a prefeitura de Natal informou que a castanhola da rua Ângelo Varela estava condenada: ela morria por dentro, corroída pelo cupim.
Tudo neste planeta é finito. Tudo nasce, vive e morre. Até as castanholas. Agora, aos moradores do Delta Tirol só resta lamentar a morte da castanhola da rua Ângelo Varela.
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