Cefas Carvalho

20/02/2019 00h14
 
Se for negro é "homem" (mesmo com 19 anos), se for branco, é "jovem" (mesmo com 27)
 
 
Manchete de matéria do G1: "Mulher é espancada no Rio e jovem é preso em flagrante", sobre a empresária que teve o rosto desfigurado por namorado. Aí vemos a idade do cidadão: 27 anos. E branco de classe média-alta.
 
Manchete de matéria no UOL: "Homem é morto por segurança em supermercado Extra no Rio". Sobre o rapaz assassinato por uma segurança descontrolado que o asfixiou com um "mata-leão" mesmo com as pessoas em volta avisando que o rapaz estava desmaiado. Aí vemos a idade do homem: 19 anos. Negro.
 
Faz parte da série "A parcela de responsabilidade da imprensa no Brasil que temos hoje":
 
Olha as manchetes.
 
Para G1 e UOL, se for negro, é "homem", mesmo que tenha 19 anos.
 
Se for branco de classe média-alta é "jovem" mesmo com 27.
 
Da mesma forma que negro quando preso com droga é "traficante" ou "meliante". Se for branco, a manchete sempre é "Jovem da Zona Sul preso com 5kg de cocaína".
 
Pedem sempre maioridade penal para 16 anos, mas a gente sabe que a lei será para os jovens negros periféricos. O filhinho de papai de 16 anos que pegar o carro do painho e atropelar e matar alguém não vai sofrer qualquer rigor legal.
 
Racismo (machismo e homofobia também) na imprensa, também se vê por aqui.
 
E escancarado. Já faz parte da cultura jornalística brasileira.
 
E parte da sociedade brasileira tem a mesma visão de realidade da imprensa. Se um adolescente negro de periferia cheia cola na rua é um marginal que merece porrada e detenção. Se um adolescente branco de classe alta fuma maconha numa praça, é um adolesente com leves distúrbios que deve ser conduzido pelos pais para ajuda psicológica.
 
Mais do mesmo. Mas sempre enjoa e aborrece. 

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).