Jornalista, escritor. Editor do Potiguar Notícias
Bolsonaro é o golpe: querer não é poder
Até as emas do Palácio do Planalto sabem que o despresidente Jair Bolsonaro sonha com um golpe de estado. Ele insinua, ameaça, imagina, deseja um golpe na democracia, nas instituições, para se manter no poder com a evidente intenção de escapar de uma inevitável cadeira a partir de 2023, quando estará sem mandato.
Sabe aquele ditado que diz que querer não é poder? É isso. Bolsonaro quer o golpe e nos insinua isso quase diariamente. Mas, não conseguirá faze-lo. Porque é incompetente e tosco até para isso. Golpes de estado se fazem com articulações, com régua e compasso, não com bravatas.
Não estamos em 1964, o mundo era outro. O despresidente não tem ou teria apoio dos EUA e nem de nenhum país relevante para seu golpismo. Tampouco conta com apoio maciço do poder econômico, baqueado pela crise crescente, e da mídia, alvo do pódio do “mito”. Mesmo nas forças armadas, o golpe não é unanimidade. Na verdade muitos dos generais não querem golpe, mas, sim manter seus privilégios.
Resta a Bolsonaro manter no ar uma eterna ameaça de golpe, para intimidar adversários e opinião pública. Percebo gente querida temerosa a cada vômito verbal do despresidente de que o golpe já esteja em andamento ou seja efetivado diante da derrota eleitoral. Não creio nisso. Bolsonaro quer tumultuar sim, o cenário político, as eleições e as instituições, na esperança de repetir no Brasil o episódio da invasão do Capitólio nos EUA. Mas, como lá, uma pataquada de tal naipe tende a ser combatida e depois punida.
O que o genocida realmente quer é evitar a cadeia em 2023, quando estará sem mandato pela primeira vez em três décadas. Para isso, precisa fazer barulho e mostrar força e poder. Não eleitoral, já que 2018 não se repetirá, mas de barganha. No fundo, a ameaça de golpe é mais um jogo e uma vontade do que um plano efetivo. Como se daria esse golpe em um país continental em tempos de internet e globalização? Enfim, até o pleito teremos de conviver com diárias ameaças ao processo eleitoral e insinuações golpistas. Mas quem quer dar golpe não o publiciza, e sim o trama na calada da noite.
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