Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

18/12/2024 08h04
A conjura do mercado financeiro: Luta de Classes?
 
Existe, de fato, uma conjura dos grupos financeiros, contra o governo Lula. Não é novidade e nem é a primeira vez que usam o dólar como arma de ataque. E esse grupo, hoje, tem o apoio explícito do Banco Central. 
 
Uma armadilha, montada nos anos 2000, quando implantaram o conceito de “tripé macroeconômico”, metas de inflação e fiscal, e câmbio flutante, ladeada pela peçonhenta “Lei de Responsabilidade Fiscal” e, mais tarde, na tal independência do Banco Central, agora mostra a eficiência dessa ratoeira.
 
Primeiro, por que o dólar tá subindo tanto? Devido a descrença do mercado sobre a efetividade que o pacote de corte de gastos teria sobre as contas públicas, de acordo com especialistas do mercado financeiro. É claro que o Comitê de Política Monetária (COPOM) é um forte aliado nesse chafurdo. Ele já chegou a R$ 6,20 na semana e deixa os especuladores alegríssimos e os analistas do mercado financeiro ouriçados, apontando o dedo acusador para o governo: tá gastando muito!
 
A inflação, por sua vez, deverá ficar acima do “teto”, que é de 4,5%, ficando em 4,6%, e vem pressionando preços de alimentos muito consumidos pelas camadas mais baixas da população (café e carne) e obviamente isso torna essas camadas mais acessíveis aos discursos extremistas, que prometem resolver o problema, aumentando a desigualdade social. A fórmula para “resolver o problema” é mergulhar o país numa recessão, cujo objetivo é conter e deprimir o consumo das famílias.
 
Essa conjura se desenhou nitidamente depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad apresentou um duro pacote fiscal, que rendeu muitas críticas à esquerda, de que eram contra os trabalhadores, e à direita, que a julgou insuficiente. E o “mercado financeiro” resolveu dar o bote. E o fez com um relativo sucesso, porque, hoje, os recursos que o governo tem para enfrentar esses “ataques especulativos” é limitada e depende muito do Banco Central.
 
E a conjura vai mais além. O COPOM “ameaça” empurrar a Taxa Selic para até 14,0% em 2025 e isso faz aumentar a Dívida Pública, ou seja, o governo, para conter as altas de juros, precisa, de fato, parar e recuar de suas propostas de políticas públicas direcionadas aos mais pobres. 
 
No Brasil é proibido crescer distribuindo os ganhos desse crescimento. Todo crescimento deve ser direcionado para os ajustes nas contas públicas, ou seja, o governo deve buscar a redenção social e, ao mesmo tempo, a desgraça social. Cortar gastos quando, no mundo, a busca é para sair da recessão, aqui se busca a recessão como forma de ajuste.
 
Ao deixar o mercado financeiro “solto” o preço a pagar é alto. O inerte Banco Central enfiou U$ 4,5 bilhões das nossas reservas internacionais, para tentar baixar o dólar, e ele subiu. E mais: um artigo publicado na Forbes Money, dá a dica, com singelo título “O Brasil não aguenta mais dois anos do governo Lula”. O artigo, de autoria do CEO e publisher da Forbes Brasil, Antonio Camarotti, não deixa margens para dúvidas: emparedar ou depurar o governo Lula.
 
A velha Luta de Classes, mostra sua face. Lula está condenado a se dobrar aos ditames do mercado financeiro, ou optar para enfrentar essa conjura com uma ampliação dos segmentos que o apoiam e da base de apoio que o sustenta.
 

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