Wellington Duarte
Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels
02/10/2024 08h47
O que escolherá Natal? A mudança, mais do mesmo ou o atraso?
Às portas das eleições para prefeito e vereadores de Natal, é preciso, desde já, olhar para o legado do prefeito, Álvaro Dias (1959- ) que deve ser considerado um sujeito de sorte, afinal sua trajetória política, que começou como vice-prefeito de Caicó, em 1987, quando era do PMDB (hoje MDB) e que desde 1991 era deputado estadual, passando pelo PMDB (1987-2003), PDT (2003-2011), de volta ao MDB (2011-20) e aderindo PSDB reacionário (2020-22) e finalmente ancorado no insignificante Republicanos, a sucursal da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que hoje opera no RN e que é seu, pode ser considerada um “sucesso”.
Álvaro Dias, um dos últimos representantes de uma “elite” que trás o coronelismo como marca, recebeu Natal no colo, depois que o prefeito Carlos Eduardo se afastou para disputar o governo do RN, em 2018 e levou uma tunda de Fátima Bezerra (PT). Dias, com a máquina na mão e com Bolsonaro no coração, foi eleito tranquilamente em 2020, passeou nas urnas, com 56,6% dos votos, pulverizando o petista Jean Paul Prates (1968- ), que amargou meros 14,4% dos votos.
Mas Natal, que já foi, com todas as suas vicissitudes, uma joia, mesmo que tenha fortes traços do seu passado, era um lugar bom de se viver, e isso vem mudando nos últimos anos.
Muitos vão me criticar, mas para uma cidade de 750 mil habitantes, eu a vejo pobre culturalmente; insuficiente em proporcionar lazer aos seus citadinos; pobre em prestação de serviços públicos essenciais, principalmente na área dos transportes; e um tratamento, digamos, pouco inteligente, com o turismo.
É claro que “lutar” contra a propaganda oficial e o exército de puxas-saco é uma tarefa inglória e não pretendo me prestar a isso, mas a realidade de uma cidade desigual é clara e cristalina e o proletariado das camadas mais baixas são os que mais carregam o peso dessa Natal que pede socorro.
Natal. Natal indignada. Natal quebrada. Natal sofredora. Mas Natal esperançosa. Esperançosa de que algo mude. Que os eleitores possibilitem uma mudança real. Que expurgue esses miseráveis que deambulam na Câmara de Vereadores e fazem dessa casa de representação, um picadeiro pobre e ridículo, com figuras subservientes, transtornadas, despreparadas para exercer o papel que deveria ser o seu: o de fiscal da gestão e propositores de ações progressistas.
Natal, que está vendo sua praia mais bela ser vilipendiada, merece mais. Merece muito mais. Natal que necessita ser mais alegre e mais progressista. Não pode ser um reduto reacionário. Não pode ser um espaço do atraso.
Álvaro Dias pode entregar a cidade ao seu aliado, Paulinho Freire, um convertido bolsonarista oportunista e aprofundar a decadência de Natal. Entregar a cidade ao mais do mesmo, com a figura do ex-prefeito Carlos Eduardo, que afinal entregou Natal ao que agora pode lhe devolver; ou pode entregar a uma esperança, a Natália Bonavides.
Carlos Eduardo carrega a experiência de ter sido prefeito em duas ocasiões (2002-9/2013-18) e que, não podemos deixar de constatar, não fez uma má administração, mas a sua forma de administração não acrescenta muito ao que está no nosso horizonte. Paulinho Freire, por seu lado é a própria expressão do fisiologismo, já que sua trajetória política é reveladora: passou pelo PMDB (1991-99), pelo PSB (1999-2005), PMN (2005-7), PP (2007-13), PROS (2013-16), Solidariedade (2016-18), PSDB (2018-20), PDT (2020-22) e União Brasil (desde 2022) e foi vice de Micarla de Sousa, que perdeu o mandato. Natália Bonavides (1988- ), com seus joviais 36 anos, atuou na defesa dos trabalhadores, quando advogada, se destacou na Câmara de Vereadores de Natal e foi eleita deputada federal, num momento em que o bolsonarismo fascista, misógino, chegava ao poder. E ela o enfrentou com galhardia.
Domingo Natal escolherá, pelo menos temporariamente, quem irá disputar a cadeira de prefeito de Natal e espero sinceramente que faça a escolha certa.
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