Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

15/01/2025 11h39

A mentira das pernas longas: o proselitismo político em Natal

A frase “mentira tem pernas curtas”, que significa que a mentira não perdura, não parece pertencer à gramática da nossa língua mãe, posto que é uma frase inexistente quando nos reportamos ao nosso campo político. O que isso significa? Que a mentira sempre esteve presente nos discursos políticos e sempre foi um modus operandi no campo eleitoral. Mentir se tornou uma arma básica para se vencer uma eleição, e não de hoje.

O problema é que com a ascensão, de novo, do novo nazifascismo, a mentira voltou a ser uma arma poderosa, potencializada a níveis nunca vistos, pelas redes sociais, verdadeiras incubadoras de Fake News. Recorrendo ao berço da civilização ocidental, a grega, temos três entidades Dólos, Apate e Pseudeia, temos esses daemons (por favor confundir com demônios) que representam ardil, a fraude, o engano, a astúcia, as malícias, as artimanhas, as mentiras e as más ações, que bom poderiam representar o momento em que a humanidade está vivendo.

Uma das formas de identificar, por exemplo, um gestor mentiroso, é quando este, um prefeito digamos, que tem um mandato de quatro anos, no último do seu mandato “descobre” as mazelas da sua cidade ou município, e passar a fazer o que eleitor vê: obras públicas. É tão monótono esse tipo de comportamento que a população acaba não apenas aceitando, mas também cumpliciando com os procedimentos nada republicanos desses gestores.

Vejamos o que aconteceu na maior cidade do Rio Grande do Norte, onde a elite nascida em fazendas e que se apropriou do espaço público há tempos, administra a antiga “joia do Nordeste”, uma cidade que, de tanto ser maltratada pelas gestões, dá sinais de adoecimento urbano. O ex-prefeito Álvaro Dias, que pertence a essa pequena e tosca elite potiguar milagrosamente acordou para os problemas de Natal e resolveu, a toque de caixa, inaugurar obras que, passado o chafurdo do processo eleitoral, no qual ele foi o grande vencedor, elegendo seu candidato, mostra o quanto Natal foi assombrada pelos daemons, auxiliares do ex-prefeito.

Em Igapó, um bairro da nossa zona norte, na rua Nossa Senhora do Ó, foi inaugurado com toda pompa uma obra que mostrou o que representa esse modus operandi. Inaugurou uma obra inacabada e, nesta terça-feira a obra ruiu e uma grande cratera “brindou” os moradores (sofredores?) dessa rua.

A engorda de Ponta Negra, uma obra que teve lances teatrais patéticos, como a invasão do prédio do IBAMA, por um exército de puxas-saco e saudada pelos blogueiros ridículos desta cidade, que constroem suas profissões com verdadeiras aberrações, foi basicamente inaugurada e enfiada goela abaixo da população e uma chuva pequena, colocou à prova a qualidade dessa obra.

Mas nada é mais representativo do que a inauguração do Hospital Municipal de Natal, lá na avenida Omar O’Grady, em Pitimbu. O prefeito inaugurou, vejam só, a PRIMEIRA ETAPA deste, o que é realmente um feito. É como uma casa com o piso pronto ser entregue ao morador com selo de “estar pronto”. Não é uma piada.

Inaugurar obras inacabadas, perceber os problemas da cidade no último ano dos mandatos, não é nenhuma novidade, mas é interessante ver como as mentiras e o engodo conseguiram o apoio de extensas camadas da população que se tornaram “carimbadores” desse tipo de político, e os elegem incondicionalmente.

Assim caminha a humanidade.


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