Meio Ambiente
Desmatamento no Brasil em 2023: Cerrado Supera Amazônia em Área Desmatada
28/05/2024 12h41
Foto: Adriano Gambarini/WWF Brasil / Divulgação
O Relatório Anual do Desmatamento (RAD) no Brasil de 2023, emitido pelo MapBiomas, traz dados alarmantes sobre a devastação ambiental no país. Pela primeira vez desde que os registros começaram em 2019, o Cerrado ultrapassou a Amazônia em termos de área desmatada. Mais de 61% de toda a área desmatada no país no último ano estava concentrada no Cerrado, totalizando 1.110.326 hectares devastados, um aumento de 68% em relação a 2022.
De acordo com o RAD, nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu mais de 8,5 milhões de hectares de vegetação nativa, equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro. Embora haja uma redução de 11,6% na área desmatada em 2023 em comparação com o ano anterior, os números ainda são preocupantes.
O relatório destaca que a expansão agropecuária é o principal vetor do desmatamento no país, sendo responsável por 97% da supressão de vegetação. A mudança no perfil do desmatamento preocupa, com uma concentração maior nas áreas de Cerrado em detrimento das formações florestais.
A coordenadora do MapBiomas Cerrado, Ane Alencar, ressalta a importância estratégica do bioma, especialmente para questões hídricas. Com mais da metade de sua vegetação nativa já perdida, o desmatamento do Cerrado afeta diretamente outras regiões do país que dependem de suas bacias hidrográficas.
O relatório também destaca a região conhecida como Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, como uma das mais afetadas pelo desmatamento. Essa região respondeu por quase metade de toda a perda de vegetação nativa no país em 2023.
No entanto, não são apenas os biomas mais conhecidos que sofrem com a devastação. O Pantanal registrou um aumento de 59,2% no desmatamento em relação a 2022, enquanto a Caatinga viu um aumento de 43,3% na área desmatada.
O relatório também destaca a redução significativa no desmatamento da Mata Atlântica, com uma queda de 59% em relação ao ano anterior. Apesar disso, a agropecuária e a expansão urbana continuam sendo os principais vetores do desmatamento nesse bioma.
Um ponto alarmante levantado pelo RAD é a falta de regularização fundiária e a presença de desmatamento ilegal. Apenas 0,96% dos imóveis cadastrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) foram responsáveis por 89% de toda a área desmatada no país em 2023. Isso ressalta a necessidade urgente de políticas eficazes de fiscalização e controle para combater o desmatamento ilegal.
O relatório também destaca a importância das terras indígenas e unidades de conservação na proteção da biodiversidade. Embora o desmatamento tenha diminuído nessas áreas em comparação com o ano anterior, ainda há muito a ser feito para garantir sua preservação.
Fonte: Com informações de MapBiomas