Mulheridades e Cultura: Governadora defende criação da Secretaria de Cultura do RN

19/06/2024 11h27

Mulheres de todas as idades, raças, credos e etnias, com atuação na cultura brasileira, especialmente a cultura potiguar – estão participando do Seminário Nacional Mulheridades e Cultura, realizado pelos Ministérios das Mulheres e da Cultura, em parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte. O evento transcorre até esta quarta-feira (19), no Complexo Cultural Rampa, no bairro de Santos Reis, em Natal (RN). A abertura oficial foi realizada na manhã de terça-feira (18), com a presença das ministras Cida Gonçalves (Mulheres) e Margareth Menezes. A governadora Fátima Bezerra encerrou os momentos de fala e destacou a importância do seminário para o processo de construção das políticas para mulheres do Brasil e defendeu a criação da Secretaria de Estado da Cultura, ora em tramitação na Assembleia Legislativa. 

“O Rio Grande do Norte se sente muito honrado por receber esse encontro e principalmente por receber tantas mulheres importantes para a construção das políticas para mulheres do Brasil. Temos um protagonismo feminino muito forte na política. Foi aqui o primeiro voto, a primeira prefeita. Portanto, é muito bom reunir a mulherada para refletir e cuidar da cultura, cuidar da educação, e temos de estar à frente administrando tudo isso, porque somos pelo menos metade da população.  Eu fico muito feliz de ver o Legislativo aqui presente, a começar pela Natália [Bonavides], Diva[neide Basílio] e Isolda [Dantas], e também as mulheres do governo, que compõem 43% do nosso secretariado e diretorias”, destacou. 

Professora por formação, mais uma vez ela reafirma a importância de Educação e da Cultura caminharem juntas, e cita com orgulho a retomada da Política Nacional do Livro e da Escrita, cuja lei de sua autoria enquanto senadora resultou no fortalecimento e na ampliação da vigência do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que está sendo retomado em conjunto pelos ministérios da Educação e da Cultura, conforme citado pela ministra Margareth Menezes em sua fala. Antes, porém, a chefe do Executivo estadual conclamou o público presente a pressionar a Assembleia Legislativa. “Eu desafio todos vocês para até o São João ocuparem a Assembleia para defenderem a criação da Secretaria de Cultura”. 

Para encerrar, além das saudações às representações políticas, em nome de Olga Aguiar, Mary Land Brito e Gilson Matias, respectivamente secretária titular das mulheres, secretária extraordinária de cultura e diretor geral da Fundação José Augusto, pastas organizadoras do evento, e às lideranças da sociedade civil presentes, Fátima destacou seu posicionamento frente ao PL 1904. “Criança não é mãe.  E eu, na condição de mulher, me posiciono sim!”, disse, listando as ações das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher, implementadas em seu governo desde a primeira gestão. “Em 30 anos, o Governo construiu cinco delegacias da mulher. E em cinco, construímos sete”.   

Ministras 

Aclamada pelo público, a artista baiana e atual Ministra da Cultura Margareth Menezes foi recebida ao som da música “Faraó”, pela Batucada de Mulheres Grupo Gami. Diante do público formado quase que exclusivamente por mulheres, a ministra enfatizou a máxima importância da mulher na sociedade, por trazer à vida todos os seres humanos. “É a existência da mulher que faz a gente chegar ao planeta.  Então, respeitem os direitos da mulher. Respeitem as nossas lutas”, disse. Ela destacou a retomada do Plano Nacional do Livro e da Leitura e citou a importância da governadora Fátima Bezerra na criação dessa política. “Vamos retomar as políticas dos pontos de leitura”. 

Fotos: Heros Sena e Sandro Menezes (Assecom-RN)

A gestora também destacou a importância do trabalho conjunto desenvolvido pelas pastas das Mulheres e da Cultura e falou que é preciso criar uma política de combate ao estupro. “O presidente Lula de forma muito sábia reconstruiu o Ministério das Mulheres e conduziu a ministra Cida Gonçalves a esse posto tão importante”, declarou, citando a notoriedade da colega e das outras gestoras e lideranças femininas, como a governadora Fátima Bezerra, “que está fazendo um trabalho de enfrentamento, e ainda Márcia Rolemberg, na secretaria da diversidade do MinC e Renata Martins, dos Comitês de Cultura”, destacou, ao encerrar saudando a secretária extraordinária de cultura, Mary Land Brito, frente ao processo de criação da Secult. 

“O RN não pode deixar de ter sua secretaria, pois é um estado muito expressivo para a cultura.  E falo como artista que já vim aqui diversas vezes. Só com LPG [Lei Paulo Gustavo] e PNAB [Política Nacional Aldir Blanc], o RN recebeu R$ 139 milhões, e até 2027, serão R$ 15 bilhões para todo o Brasil, e é claro que é preciso uma secretaria para administrar todos esses investimentos que o governo federal faz pela cultura”, argumentou. Por fim, ela saudou todas as mulheres dos movimentos dos povos originários e enfatizou que as mulheres têm competência para estarem nos lugares de comando. “Viva a mulher. Respeitem nossos direitos”. 

Uma das anfitriãs do evento, que está sendo tratado como preparatório para a Conferência Nacional de Mulheres, a ministra Cida Gonçalves foi enfática ao destacar o momento de enfrentamento à violência sexual no Brasil, que a cada dia atinge índices alarmantes. “Estamos vivendo um momento crucial, em que eles aumentaram a violência sexual contra nós, principalmente nossas crianças. Mais de 60% das meninas que sofrem agressão têm até 13 anos.  Nós estamos num momento, enquanto mulheres, em que devemos estar permanentemente no modo resistir. E porque estou trazendo isso no evento da cultura? É porque a cultura sempre teve papel fundamental para a construção da democracia.  Nós vamos construir escolas, creches, construir as estradas, mas vamos construir a política nacional para mulheres e cultura.  Porque são as mulheres maioria na cultura. Nós vamos estar onde quisermos e do jeito que quisermos porque eles não vão nos violar”, disparou.

Participação Feminina 

A secretária extraordinária Mary Land Brito citou as parcerias para a realização do evento, destacando o escritório regional do MinC e o Comitê de Cultura do RN, o projeto Mais Mulheres na Cultura, Sebrae-RN, UFRN, além da realização conjunta com a Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (Semjidh). Diante de um dia ensolarado, ela fez uma comparação com esse tempo atual, de reconstrução do País pelo viés da retomada da democracia. 

“Passamos por dias chuvosos, dias turbulentos, mas, que a nossa cultura continue como o dia de hoje, um dia ensolarado.  Esse encontro foi feito a muitas mãos e é especial estar com tantas mulheres importantes para a construção dessas políticas.  Os temas que estamos tratando aqui foram pensados para dialogar com cultura e mulheres. Isso aqui é uma extensão do que discutimos na conferência de Cultura e uma referência do que vamos discutir na conferência de Mulheres”, explicou. 

Em tempo, os temas do Seminário são:  Mulheres nas políticas públicas culturais e a política cultural para mulheres; Ancestralidade, identidade, diversidade e acessibilidade nas práticas culturais brasileiras femininas; Um Brasil sem misoginia por meio da Política Nacional das Artes; Mulheres e Cultura: Processos Comunicacionais; e Economia Criativa. 

A secretária Olga Aguiar (Semjidh) também se pronunciou e foi bastante objetiva ao reforçar a importância do debate nesses dois dias de encontro. “Vocês estão dignas da nossa admiração.  E lá na Semjidh, estamos à disposição para efetivar as políticas públicas para mulheres e em consonância com a cultura. Teremos dois dias de muitos debates e vamos ter muitas trocas para darmos continuidade ao nosso protagonismo”.

O momento solene de abertura contou ainda com a fala de mulheres de diversos setores da sociedade, como a deputada federal Natália Bonavides e a deputada estadual Divaneide Basílio, a produtora cultural e artista Ana Morena, representando a classe artística, a secretária da diversidade do MinC, Márcia Rolemberg, acompanhada de Renata Martins, do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC), e a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Joana Lopes. 

Também estavam no dispositivo oficial o deputado federal Fernando Mineiro, a deputada estadual Isolda Dantas, a vereadora Brisa Brachhi e o vereador Daniel Valença (de Natal); a secretária Íris Oliveira (Trabalho, Assistência Social e Habitação), a secretária Lyane Ramalho (Saúde), a secretária Solange Portela (Turismo), a secretária adjunta Arméli Brennand (Administração Penitenciária), a secretária adjunta Cleonice Kozerski (Educação) e o secretário adjunto Cícero Araújo (agricultura Familiar). 

E ainda o diretor geral da Fundação José Augusto, Gilson Matias, a delegada geral da Polícia Civil, Ana Cláudia Saraiva, a diretora da Potigás, Marina Melo, a diretora Agência Reguladora de Serviços Públicos do Rio Grande do Norte (Arsep), Rosângela Fonseca, a diretora do Departamento Estadual de Imprensa, Flávia Assaf, a diretora do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Natércia Nunes; a equipe do escritório regional do MINC no RN, Fábio Lima, Lívia Cirne, Victor Varela e Adler Barros; e as representantes das instituições educacionais Ester Correia (UFRN), Samira Delgado (IFRN) e Irene de Araújo Van Den Berg (UERN).

A abertura oficial foi conduzida pelas artistas Toni Silva e Lenilda, o hino nacional foi executado pela soprano Alzeny Melo, acompanhada de Priscila Matos; as cantoras Cida Lobo e Valéria apresentaram um duo; e ainda teve apresentações do grupo Negra Sou, apresentando os caboclos de Major Sales, patrimônio cultura do Rio Grande do Norte, e também a presença das artistas circenses Aranha e Ju Modro. O seminário seguiu durante a tarde e se encerra nesta quarta-feira, após as mesas temáticas, grupos de reflexão e shows, à noite. 

SERVIÇO: Seminário Mulheridades e Cultura | Programação Cultural

Fonte: Com informações de FJA

Autor: Eliade Pimentel