Educação
PotyCast: Especialista comenta sobre o uso de celulares em sala de aula
13/12/2024 15h08
Por: Hiago Luis
Foto: lev dolgachov/Freepik
O tema do uso dos celulares nas escolas está em alta. Recentemente a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) definiu regras para impedir o uso dos aparelhos nas escolas paulistas. Na última quarta-feira (11), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputado Federais aprovou também um projeto que proíbe o uso deste dispositivos nas escolas.
A proposta visa proibir os alunos de usarem telefone celular e outros aparelhos eletrônicos portáteis em escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e intervalo entre as aulas. A proibição vale para a educação básica: educação infantil, ensino fundamental e médio.
Embora tida como polêmica por parte da sociedade e alguns políticos, a proposta, se tornada lei a nível nacional, poderá contribuir não apenas com o processo educacional, mas também como uma política de saúde pública. O texto aprovado na CCJ da Câmara determina que as escolas elaborem estratégias para tratar da saúde mental dos alunos da educação básica, apresentando a eles informações sobre riscos, sinais e prevenção do sofrimento psíquico, incluindo o uso imoderado dos celulares.
Entrevistado no PotyCast, o podcast do jornal Potiguar Notícias, o psicólogo especialista em Análise Cognitivo-Comportamental, Renato Rosa, falou sobre o uso dos aparelhos celulares nas escolas e para crianças em processo de formação. "No ambiente escolar foi percebido que as crianças e adolescentes não conseguiam se concentrar minimamente durante as aulas, não conseguiam focar, não conseguiam estar ali com seus pensamentos para os conteúdos, porque o celular tem essa capacidade gigante de distração", iniciou.
Créditos: Reprodução / PotyCast
"As escolas perceberam e acordaram, estão acordando e estão sofrendo uma pressão muito grande para resolverem esse problema do estudo no ambiente escolar. E elas estão, na minha opinião, tentando resolver com aquilo que elas podem, que é, 'olha, aqui dentro não vamos usar telefone celular'", ponderou o psicólogo que avalia a iniciativa como importante e parte da uma solução que vai além das salas de aula.
"A gente precisa ter uma conscientização familiar para que, em casa, eles possam usar, possam [usar os celulares], é a geração tecnológica. Mas que eles consigam ter vários outros momentos sem as telas. Momentos de convívio social, de brincadeira na natureza, na rua, com os coleguinhas, para que haja minimamente o equilíbrio", destacou Renato Rosa.
Uso de telas para crianças pequenas
Outro ponto abordado na entrevista também focou no que deve ser o 'momento ideal' para que os pais permitam o uso de aparelhos celulas e tablets nos primeiros anos das crianças. O tema tem sido alvo de críticas por parte de pediatras e outros profissionais que lidam com a primeira infância, fase que vai do nascimento até o os 6 anos de idade.
Na visão do especialista em Terapia Cognitivo-Comportalmental, o ideal seria que os pais buscassem evitar o contato das crianças com essas telas neste primeiro ciclo da vida. "Eu diria, pai, mãe, até os 5, 6 anos, se você puder evitar, melhor. Porque é uma fase tão crítica de desenvolvimento, o cérebro está rico e ávido por experiências de vida. Quando o teu filho passa 1, 2, 3, 4 horas por dia numa tela, ele está recebendo muito conteúdo", destaca o especialista, ressaltando a importância de dar as crianças também outras experiências nesse período da vida.
Para Renato, o contato com "o pai, com a mãe, com o irmãozinho, o jogar bola, se machucar e ver que ele vai estar bem, que daqui a pouco o machucar do sara", são experiências fundamentais para as crianças nessa idade. O especialista destaca ainda a importância de que nesta fase da vida as crianças possam brincar com outros coleguinhas, que nem sempre irão querer brincar das mesmas coisas. Ainda de acordo com ele, esse processo de aprender a negociar é fundamental para desenvolver aptidões que serão usadas na vida adulta.
Entrevista no PotyCast
Concedida ao jornalista Hiago Luis, a entrevista completa com o psicólogo Renato Rosa tratou de diversos temas. A questão do uso de telas por crianças e no ambiente escolar foi um deles, mas foram debatidos ainda temas centrais relacionados a dependência que nos temos dessas tecnologias. Também neste sentido, o vício em apostas esportivas foi um das temáticas trazidas a tona pelo debate.
Você pode conferir o debate completo sobre a nossa dependência tecnológica e o uso de telas de forma excessiva acessando o
PNTV Play no YouTube. A entrevista que foi ao ar no último dia 4 de dezembro também está disponível no
Spotify. O podcast é transmitido por 19 emissoras de rádio no Rio Grande do Norte, ampliando a discussão para um público ainda maior.
Fonte: Com informações de Agência Câmara, MEC e PotyCast
Autor: Hiago Luis