Wellington Duarte

07/05/2022 05h51

 

A Petrobrás e o governo do Mandrião: um retrato de um BraZil destruído

 

A Petrobrás virou um paraíso para os seus acionistas. O lucro do primeiro trimestre de 2022 ficou em R$ 44,5 bilhões, disparadamente o maior de todas as empresas brasileiras de Capital aberto, ao mesmo tempo em que anunciou que distribuiria, entre os felizes acionistas, brasileiros, que são 22,7% e estrangeiros, 40,6%, enquanto o governo (União, BNDES e BNDESPar), representam apenas 36,8%, R$ 48 bilhões. Quanta bondade!

O motor dessa lucratividade foi a política criminosa de preços da empresa, que mudou seu perfil em 2017, tornando mais uma empresa comercial do que estatal, e isso rebateu nas decisões posteriores da empresa. O BraZil tornou-se uma anomalia, visto que tem reservas importantes do Pré-Sal, que o “mundo inteiro” deseja se apossar, ao invés de servir para beneficiar a economia nacional, tornou-se uma enorme possibilidade de auferimento de lucros para acionistas e supondo que a Petrobrás não tem 210 milhões de acionistas e sim cerca de 800 mil acionistas, então podemos supor que, enquanto o país cambaleia, a empresa, ainda pública, distribui lucros bilionários para poucos.

O presidente atual da Petrobrás, José Mauro Coelho, um mero e opaco gestor dessa nova empresa, justificou essa polpuda distribuição de dividendos distorcendo a história, afirmando que a Petrobrás, durante anos, deixou de fazer isso para fazer investimentos improdutivos. É uma MENTIRA DESCARADA, normal vindo de um burocrata indicado pelo Mandrião, dado que a FUNÇÃO SOCIAL da Empresa tinha como premissa o desenvolvimento deste país e isso incluía dar prioridade a alocação de lucros para tornar a empresa competitiva, e isso foi feito, e amenizar os efeitos da péssima distribuição de renda em Pindorama.

Se os incautos leitores desse artigo ficaram indignados com o que está escrito acima, saibam que ontem o Banco Central anunciou ontem (5), que haverá uma elevação das taxas de juros, no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou a taxa de juros de 11,75% para 12,75%, esperando, com isso, brecar a elevação da inflação, que está fora de controle graças a uma incompetência generalizada em gerir a nossa economia, por essa patética equipe econômica, chefiada por um falastrão que se diz liberal.

O presidente chafurdento, que incendia o país todos os dias ao invés de conduzir a nação, se preocupa mais em continuar armando suas hordas para contestar o processo de eleitoral de outubro e nisso tem tido o apoio dos generais, nem todos eu acho, que apoiam a investida do Mandrião contra o TSE. E o que raios isso tem a ver com a economia? Tudo! Porque os agentes econômicos, que se movem pelas expectativas de retorno do seu Capital investido, não se sentem seguros em fazer novos investimentos num país chafurdento e sempre com uma ameaça de Golpe na esquina.

E a economia sente os efeitos desse banzé, com efeitos devastadores sobre a população mais pobre, grande parte dela condenada a ser dependente de esmolas, algo que sustentou os grupos no poder durante décadas ou alguém mais velho não lembra da famosa “troca do voto por dinheiro”? O fim de programas sociais esculhambou o tecido social e o que vemos hoje é a crescente possibilidade da fome se alastrar em vastas camadas da população.

A Petrobrás hoje pode ser vista como um símbolo desse país destruído. A maior empresa do país, que era estatal e agora é uma “estatal-pública-comercial”, um monstrengo criado no governo Temer, não tem mais a função de alavancar o desenvolvimento do país e sim seguir, pura e simplesmente, a política internacional de preços e remunerar a União. O Social da Petrobrás foi abolido e ainda há quem defenda sua completa privatização.

Meu BraZil braZileiro....quanto fundo ainda tem esse poço?

 

 


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