Evandro Borges

29/12/2023 06h35

 

Eva Potiguara e o Jabuti             

                                    Recebi Eva Potiguara no Conexão Potiguar através de uma ponte realizada por Adélia Costa, Presidente da SPVA/RN, instituição parceira do programa, que todos os sábados indica um poeta ou poetisa para declamarem seus poemas autorais, que nos traz muito entusiasmo e alegria, pois constitui também, uma homenagem ao saudoso jornalista Pinto Júnior, que em um esforço hercúleo realizou vários certames do concurso de poesia Zila Mamede dando oportunidades a jovens valores.

                                    Evanir de Oliveira Pinheiro (Eva Potiguara) é natural de Natal/RN, com mestrado e doutorado em educação pela UFRN, quando não existia quotas, portanto a luta pela educação formal foi intensa e vencendo todos os preconceitos. A nossa representante dos povos originários toda caracterizada durante a entrevista está vencendo um câncer e emocionou a todos no Conexão Potiguar, quando declamou seus poemas, foi um momento maravilhoso, lindo e inesquecível.

                                    Eva Potiguara da “terra pindorama” (terras das palmeiras) como o Brasil é chamado na língua tupi com o seu coletivo de mulherio das letras indígenas conquistou na 65º edição do prêmio Jabuti, na modalidade fomento à leitura, um Jabuti, considerado um prêmio máximo da literatura do Brasil, entregue desde o longínquo ano de 1959, idealizado por Edgard Cavalheiro da responsabilidade da Câmara Brasileira do Livro (CBL), com uma obra denominada “Guerreiras da Ancestralidade”, um álbum biográfico da Amare Editora, mas produzido por muitas mãos.

                                    O prêmio Jabuti é uma bela estatueta, uma homenagem a um animal da fauna brasileira, belíssimo conduzido por Eva Potiguara e exibida no Conexão Potiguar, no ano que se encerra de 2023 foi entregue no representativo Theatro Municipal de São Paulo e Eva Potiguara falou e agradeceu, colocando a questão dos povos originários, e logo foi entrevistada merecendo a atenção da mídia nacional.

                                    Aqui no Rio Grande do Norte, a luta dos povos originárias é grande, pois não poderíamos deixar de falar da guerra dos bárbaros no século XVII, na conquista da ribeira do Rio Açú, praticamente um verdadeiro massacre aos povos indígenas, quase foram eliminados. E durante anos as comunidades indígenas colocadas na vulnerabilidade, mas, nos últimos tempos aparecendo aqui e ali, com outro tratamento podendo citar as comunidades do Catú em Canguaretama/RN, do Amarelão em João Câmara/RN, Lagoa do Tapará em Macaíba/RN e os Caboclos do Açú.

                                    Ainda no Rio Grande do Norte como referência histórica não poderíamos deixar de falar da bravura de Antônio Felipe Camarão, o índio Poti ou Potiguaçu, herói da batalha dos Guararapes em Recife-PE, obtendo o título de Capitão Mor de todos os índios do Brasil, da heroína Clara Camarão, a mulher indígena guerreira, seu nome está inscrito no livro dos heróis e heroínas da pátria e dar o seu nome a Refinaria em Guamaré/RN.

                                    A presença dos povos originários está por toda parte na linguagem, aqui no Rio Potengi – Rio dos Camarões, na tapioca, na mandioca, macaxeira, nas frutas deliciosas jabuticaba, caju (noz que se produz), pitanga, abacaxi, ou no sabiá, na araponga, na arara, como bem colocou Maria Valeria Resende na Apresentação da obra Guerreiras da Ancestralidade, conquistando o Jabuti posto em tão boas mãos.  

 


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