Andrezza Tavares

Doutora em Educação (UFRN/2010)​, professora dos cursos de Graduação e dos Programas de Pós-Graduação do IFRN e Coordenadora Institucional do PIBID/IFRN/2013.

11/04/2020 21h50

 Andrezza Tavares

 

Em tempos de pandemia motivada pelo novo coronavírus (Covid-19), dentre as medidas tomadas para evitar a disseminação, a mais importante delas tem sido, sem dúvida, o isolamento social. Tal medida tem impactado a vida da população em diversos setores, primordialmente na educação. Creches, escolas, Institutos e universidades suspenderam as suas atividades alterando o cotidiano educativo de mais de 50 milhões de pessoas no país.

A escola é uma produção histórica e política se caracterizando por se constituir em um espaço onde o contato é inevitável. Em função dos vínculos e relacionamentos próprios da cultura escolar, o novo coronavírus impõe profundos desafios para a dinâmica de seu funcionamento, sendo necessário compreender tais desafios para que se desenvolvam alternativas na direção da garantia do direito constitucional de acesso à educação.

A seguir sinalizaremos desafios centrais que fazem da educação formal um espaço amplamente impactado pela pandemia:

1º) É preciso compreender que as crianças podem estar com o vírus, mas se apresentar assintomáticas, e, com isso, contaminarem em maior número os colegas na escola e os familiares em casa, inclusive as pessoas mais idosas.

2º) Em 01 de abril, foi publicada uma Medida Provisória que desobriga os 200 dias letivos obrigatórios para escolas e universidades, mas pede o cumprimento da carga horária mínima anual de 800 horas na Educação Básica. 

3º) O ensino à distância, utilizando plataformas digitais na internet, tem se apresentado como a alternativa mais viável no atual contexto. O Conselho Nacional de Educação e os conselhos estaduais têm emitido notas as quais regulamentam o ensino à distância nessa situação emergencial e orientando sobre providências que minimizam as perdas dos alunos com a suspensão de atividades.

4º) As instituições de ensino estão aproveitando a ampla disponibilidade de ferramentas e de tecnologia educacional, como por exemplo as plataformas e ambientes virtuais de ensino, para garantir os processos pedagógicos de ensino. Os sistemas de ensino estão produzindo vídeoaulas, transmissões ao vivo, exercícios on-line, entre outras produções.

5º) A realidade apresenta alunos e famílias que não conseguem utilizar plataformas on-line de ensino e professores com lacunas de formação técnica para direcionar processos de aprendizagem em ambientes virtuais. Esses desafios são ampliados quando levamos em conta a rede pública, em que estudam mais de 80% dos brasileiros em idade escolar.

6º) Outro ponto central é o acesso a computadores. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 58% dos domicílios no país não têm acesso a computadores e 33% não dispõem de internet. Dessa forma, levar à frente as soluções de educação à distância se tornam complicadas principalmente sem que o grupo sociail economicamente excluído no Brasil possua as condições objetivas necessárias para tal acesso.

A seguir sinalizaremos possibilidades desenhadas pelas comunidades educativas no atual contexto de pandemia:

1º) Em meio a tantas dificuldades, surgem sinais de esperança como iniciativas voluntárias de pessoas que contam histórias para crianças, oferecem aulas pelas redes sociais, partilham textos, música, arte, jogos, recreação, entre outros.

2º) Esse tempo de isolamento também oferece às famílias a oportunidade de resgatar sua responsabilidade educativa oferecendo às crianças e aos jovens um tempo de estudo em conjunto, de partilha de histórias, de cultivo de relacionamento saudável, entre outras possibilidades de envolvimento e de desenvolvimento integral humano.

 

Nota: Esta Coluna publicada no Portal de Jornalismo Potiguar Notícias integra o repertório de publicações do Projeto pluri-institucional intitulado “Diálogos sobre Capital Cultural e Práxis do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) - IV EDIÇÃO”. O Projeto, vinculado a Diretoria de Extensão (DIREX) do campus IFRN Natal Central e ao Programa de Pós-Graduação Acadêmica em Educação Profissional PPGEP do IFRN, articula práxis do campo epistêmico da Educação a partir de atividades de ensino, pesquisa, extensão, inovação e internacionalização com o campo da comunicação social a partir da dinâmica de produções jornalísticas por meio de diversos canais de diálogo social como: portal de jornal eletrônico, TV web, TV aberta, rádio e redes sociais. O objetivo do referido Projeto de Extensão do IFRN é socializar ideias e práxis colaboradoras da educação de qualidade social, de desenvolvimento humano e social por meio da veiculação de notícias em dispositivos de amplo alcance e difusão de comunicação social. Para mais informações sobre o Projeto contacte a coordenadora: andrezza.tavares@ifrn.edu.br.  

 


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