Ginecologista e Obstetra, especialista em Reprodução Humana (CRM-SP 102.616)
Quais são os riscos e benefícios dos anticoncepcionais hormonais?
A primeira pílula anticoncepcional foi lançada em 1960 e, a partir daí, houve uma grande revolução, pois a mulher pôde separar o ato sexual da reprodução e ter autonomia e liberdade para o planejamento de uma gravidez.
No início as dosagens de hormônios eram muito altas, com muito efeitos colaterais. Hoje as pílulas têm baixas dosagens hormonais e alta eficácia, mas mesmo assim muitas pacientes têm medo de usar, principalmente por receio do risco de trombose.
Será que realmente o risco é expressivo?
Os anticoncepcionais orais combinados (ACO) podem aumentar o risco de trombose no primeiro ano de uso. Parece estar relacionado com as doses de estrogênio e com o tipo de progesterona utilizados. O motivo se dá pelos efeitos pró coagulantes que os ACOS provocam. Entretanto, levando em consideração que a gravidez aumenta em 5 vezes o risco de fenômenos trombóticos e o puerpério (período de até 42 dias após o parto) em 60 vezes, os ACOs aumentam, sim o risco, mas de maneira não tão significativa como a própria gestação e pós parto. Em outras palavras, engravidar é mais arriscado do que tomar pílula anticoncepcional, quando o assunto é trombose.
Devemos lembrar também que sempre antes do uso dos ACOS a paciente deverá passar em consulta médica com seu ginecologista, e será avaliada para discutir o uso do melhor método contraceptivo.
Tabagismo, história familiar de trombose, enxaqueca com aura, hipertensão, obesidade são as condições de saúde que aumentam o risco de trombose. Nestas situações o uso do ACO deverá ser evitado e outro método proposto.
E vamos falar agora da parte benéfica? O uso de ACO pode trazer melhorias em várias situações:
Os ACOS além do efeito contraceptivo, melhoram a acne, a tensão pré-menstrual, diminui o hirsutismo (excesso de pelos no corpo), diminui as cólicas e o fluxo menstrual, reduz a incidência de câncer endometrial (de útero) e de doença inflamatória pélvica. A lista de benefícios é grande, mas enfatizo que vai depender do quadro de cada paciente e da avaliação do ginecologista. Outras vantagens incluem a paciente poder programar a menstruação, planejar quando ela quer menstruar e até suspender a menstruação, desde que orientada e isso não afetará sua saúde.
Uma questão muito debatida também é se o uso de ACO afeta a fertilidade. É um receio principalmente entre as pacientes que usam por longos períodos, acreditando que quando resolverem tentar uma gestação, não conseguirão engravidar. Mas isso não é verdade, o uso não diminui a fertilidade e uma vez que se cessa o ACO, o ciclo menstrual e a ovulação voltam ao normal.
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