Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

07/08/2024 10h55

ELEIÇÕES MUNICIPAIS: EM QUEM VOTAR?

Nestes últimos dias ocorreram dezenas de reuniões partidárias, para convalidar as diversas candidaturas, as chamadas nominatas, iniciando a parte final de um processo que começou exatamente no dia 1° de janeiro de 2023, quando Lula tomou posse e um mês depois quando este parlamento, eleito em 2022, tomou posse.

No caso do RN as eleições mobilizarão eleitores de 167 municípios e serão, nos próximos meses, o maior divertimento dos analistas políticos sérios; dos papagaios do reacionarismo, que infestam as emissoras de rádio e televisão; dos influenciadores, “especialistas” em política, que vão cacarejar besteiras até o final do processo eleitoral; e outras centenas de pessoas, chamadas de “cabos eleitorais”, que vão reproduzir o que acontece nestas paragens, desde que o processo eleitoral se tornou comum.

Mas, fora desse circo, está o famoso “povo”. Esse sim, que vive o dia a dia da relação entre Capital e Trabalho, nas suas vicissitudes e que, nessa época, se envolve, de várias formas, nesse processo, muitas vezes buscando tirar proveito do assédio que sofre no cotidiano, com os cabos eleitorais lhe “visitando” e sussurrando promessas e algumas propostas, que podem começar com o “presente” dos candidatos, que começa com os R$ 50 e, quem sabe, um “lugarzinho” na administração municipal. 

Mas há também a ingerência das corporações religiosas que no passado eram feitas indecorosamente pela Igreja Católica e hoje tem nas empresas evangélicas, grandes e poderosos cabos eleitorais, formado pelos pastores e que atuam em todos os seus espaços, sempre apoiando explicitamente “seus” candidatos e condenando ao inferno, as “ovelhas” que ousarem discordar dele.

O “povo”, hoje sofre brutal influência dessas corporações, das redes digitais e da poderosa empresa de Fake News e, por conseguinte, os candidatos mais aquinhoados e que tem mais condições de montar sua rede de apoio, sai na frente. As candidaturas progressistas, que estiverem nos tradicionais partidos da esquerda, terão imensas dificuldades eleitorais, demonstrando, mais uma vez, que o sistema eleitoral brasileiro está a anos-luz de ser democrática.

No RN, onde 52 municípios têm menos de 5 mil habitantes, representando 1/3 do total, o processo eleitoral tem uma característica diferente dos municípios maiores e as articulações, feitas pelos caciques locais, deixa a população em segundo plano e sujeita, por exemplo, a participarem das novas formas de mobilização, que são encenações muito parecidas com as que ocorriam nos tempos dos coronéis.

As eleições nos mostram o grau de bizarrice desse processo, como no caso de Viçosa, que tem 1.822 habitantes (Censo de 2022) e com 2.010 eleitores. Mostra o nosso passado com cores vivas. Revela as dificuldades de termos problemas seríssimos na questão de sustentação básica das pessoas, que se tornam muito influenciadas pelos “favores” e pela “atenção”, nesse período, dos candidatos.

Mas, afinal, em quem votar?

 


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