Wellington Duarte

Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels

14/08/2024 11h19
 
ELEIÇÕES MUNICIPAIS: EM QUEM VOTAR? (PARTE 2)
 
Vamos tentar, eu disse TENTAR, dialogar sobre as eleições municipais no RN? São 167 municípios, espalhados e aglutinados em 10 Territórios, uma divisão baseada nos chamados Territórios da Cidadania, criado em 2008 exatamente para melhorar a implementação de políticas pública e que os governos do RN já vêm adotando há algum tempo.
 
Mas, por onde começar? Como estabelecer o critério mais adequado para falar de um todo a partir de uma parte? E o que discutir? É necessário, se eu quiser dialogar com o leitor, que afinal pode ser até um eleitor, escrever de forma clara, sem, contudo, deixar de lado, o que penso sobre todo esse processo, que considero, anacrônico, desigual e vexatório.
 
Anacrônico porque o formato eleitoral brasileiro, embora seja considerado bastante avançado, e isso é verdade quando comparamos à esculhambação das eleições norte-americanas, trás a perpetuidade da desigualdade, ou seja, não há competitividade entre os partidos, dado que o poder econômico é muito poderoso e influencia a trajetória do voto.
 
As coligações, embora sejam interessantes do ponto de vista de ajustamento político das particularidades locais, são contaminadas pela sem-vergonhice dos agentes políticos, cuja tradição é o desprezo completo dos interesses e programas partidários, para benefício dos seu “grupo político”, um “acordão”, etc. Se formos olhar de pertinho, é um destrambelhamento completo e o eleitor, pego nessa insanidade, torna seu voto um enigma.
 
Bem, se começarmos pelo Alto Oeste, onde o município de Pau dos Ferros é o maior e mais importante, com seus 31 habitantes e com o maior PIB per capita da região (R$ 23.028,80, IBGE, 2021), veremos que a mão do passado conduz todo o processo. E Pau dos Ferros, sendo o terceiro município mais antigo da região, ficando atrás de Portalegre e Martins, é um espaço geográfico, econômico, social e político, que foi moldado por essa construção histórica. Os mortos assombram permanentemente os vivos.
 
Embora seja complicado e até entediante, encontrar uma lógica partidária, portanto ideológica, nas linhas do tempo quando se trata de prefeitura, é importante ressaltar, por exemplo, que depois de 1964, foi a ARENA, o sovaco do regime militar, que reinou incólume na política local e que, depois da redemocratização do país, em 1989, a hegemonia esteve no campo da direita (PPB, PFL e DEM). Todos os prefeitos saíram desse campo político.
 
Senão vejamos. Quem está, de fato, disputando as eleições para prefeito? A atual prefeita, Marianna Almeida, do PSD, e Leonardo Rêgo, do União Brasil.
 Leonardo foi eleito prefeito em 2004, reeleito em 2008 e voltou a ser eleito em 2016, depois de ter “estagiado” no governo medonho de Rosalba C. Rosado. 
 
Em 2020 Marianna Almeida, lançada pelo ex-prefeito e apoiada pela então governadora Fátima Bezerra e pelos apoiadores de Bolsonaro, o ex-governador Robinson Faria e o seu rebento Fábio. Leonardo, apoiado por Agripino, perdeu por 44,7% x 54,2%. Detalhe: Marianna era vice de outro ex-prefeito, Fábio Torquato, ex-aliado de Leonardo Rêgo, de quem chegou a ser vice, e foi lançada por este em 2020. 
 
Agora Marianna recebe o apoio também de outra liderança local Nilton Figueiredo, outro ex-prefeito (1989-1992 e 1997-2004), que a apoia desde 2020 e que já “cruzou os bigodes” com Fábio Torquato. O bisonho bolsonarista-fascista Rogério Marinho, apoia Marianna
 
Outro detalhe: Leonardo Rêgo é filho de Getúlio Rêgo, uma liderança histórica do “agripinismo”. Calma! Tem mais! O vice-prefeito, Renato Alves, rompeu com a prefeita e se aliou a Leonardo Rêgo.
 
Deu para entender?
 

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