Ana Paula de Matos Silva

Mestranda em Análise Ambiental

05/08/2024 08h14
 
Cobre: novo ouro
 
Aproveitando o clima olímpico para falar sobre um dos materiais utilizados na medalha de bronze, que por sinal, até o momento (04 de agosto) têm sido as medalhas mais conquistadas por nossos atletas, cinco no total.
 
O cobre é um elemento muito utilizado pelo ser humano, desde a antiguidade com as primeiras civilizações, no manuseio de utensílios domésticos, ao mundo moderno, na utilização de baterias, veículos elétricos, eletroeletrônicos, linhas de transmissão e medalhas, dentre outros.
 
A demanda desse metal está relacionada ao cenário das mudanças climáticas, tendo como protagonistas a eletrificação, a transição energética e a inteligência artificial, que impulsionam a procura por materiais condutores. As características do cobre que o colocam nestas aplicações são a sua alta condutibilidade elétrica e de temperatura, facilidade em ser reaproveitado, sua maleabilidade e a possibilidade de formar diversas ligas metálicas.
 
Na natureza, o cobre pode ser encontrado concentrado principalmente nos minerais calcocita (um sulfeto de cobre), calcopirita (um sulfeto de cobre e ferro) e malaquita (um carbonato de cobre), sendo a calcocita a forma mais abundante extraída em minas subterrâneas ou a céu aberto, possuindo de 1% a 2% de cobre contido.
 
Em 2022, um estudo realizado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS na sigla em inglês), estimou que as reservas mundiais de minério de cobre viáveis à exploração possuem em torno de 880 milhões de toneladas. Destas, cerca de 55% estariam distribuídas em cinco países, sendo eles: Chile (200 milhões), Austrália (93 milhões), Peru (77 milhões), Rússia (62 milhões) e México (53 milhões). 
 
No Brasil, de acordo com dados de 2017 da ANM – Agência Nacional de Mineração, estimam-se reservas totais de cerca de 11 milhões de toneladas de cobre contido.
 
Levando em consideração o baixo teor nos minérios extraídos, que varia entre 0,2% e 1% nos depósitos porfiríticos (principal fonte em grande quantidade desse metal) e cerca de 2,1% para depósitos sedimentares (segunda fonte mais importante para obtenção do metal), o tempo de desenvolvimento da uma mina - que pode levar até 17 anos para entrar em produção, os modos de exploração do cobre, normalmente muito complexos e demandantes de muito investimento, e a oferta-demanda mundial projetada para os próximos cinco anos, fazem-se necessárias fontes alternativas para sua obtenção, notadamente através da reciclagem, para, assim, suprir as necessidades humanas nas próximas décadas. 
 
 
Referências:
 
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Relatório Final: Estudos e pesquisas para a elaboração de levantamentos e de análises acerca da infraestrutura do transporte e da logística do setor mineral no Brasil, assim como dos investimentos esperados no setor. Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/geologia-mineracao-e-transformacao-mineral/pnm-2050/estudos/caderno-4-competitividade-da-industria-mineral-brasileira/InfraestruturadeTransporteeLogsticadoSetorMineralBrasileiro.pdf. Acesso em: 02 de agosto de 2024.
 
Guandalini, Giuliano. “O cobre é o novo petróleo.” E o preço não para de subir. Brazil Journal. 16 de maio de 2024. Disponível em: https://braziljournal.com/o-cobre-e-o-novo-petroleo-e-o-preco-nao-para-de-subir/. Acesso em: 17 de maio de 2024.
 
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Sobre mim:
 
Ana Paula de Matos Silva
 
Mestranda em Análise Ambiental Integrada do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo, foi coautora do capítulo 2 “O Impacto Ambiental durante a pandemia da COVID-19: Relação entre a poluição atmosférica e o isolamento social Brasil” do livro “Análise Ambiental Integrada em contextos de pandemia o velho e o novo normal: aprendizados e reflexões sobre impactos socioambientais da covid-19”, publicado em janeiro de 2023. 
 

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