Jornalista
Agroecologia na boca do povo
O tema do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, realizado no período de 20 a 23 de novembro de 2023, na capital do Rio de Janeiro, ainda reverbera em meu juízo, tal o impacto que esse evento causou em mim. Mais de 5 mil pessoas, de várias faixas etárias, de diversos recantos do Brasil, e até do exterior (percebi pelos mil sotaques presentes), pensando e repensando a agroecologia como um modo de vida.
Desde a primeira vez que me deparei com a divulgação do evento, meados de março de 2023, foquei e me determinei a participar, levando a experiência de comunicação aplicada para divulgação e cobertura da 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Fenafes), realizada em 2022, de 15 a 19 de junho, em Natal (RN). Consegui alcançar meu objetivo: primeiro, destravar o fato de que eu nunca havia apresentado trabalho em congresso algum, apesar de ter participado de vários ao longo de minha trajetória profissional, desde os tempos de estudante universitária.
Protelei ao máximo a redação do projeto, até que um dia eu o escrevi, na “força do ódio”, pois no dia em que me sentei para escrever o relato da experiência, tive um tremendo dissabor com um irmão, que mandara arrancar pelo toco seis árvores no nosso quintal (com alegação de que faz parte do terreno que se refere a ele). O tema da agroecologia bombando, negativamente em minha cabeça, e eu tendo de rememorar com todo carinho uma experiência exitosa, que foi a cobertura da Fenafes.
Mas, assim é a “vida da crente”, cheia de altos e baixos, de modo que consegui, numa única sentada, escrever o relato “Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária: relato de uma experiência exitosa de comunicação com base na gestão integrada”. Aliás, o resumo aprovado sofreu alterações, e para tanto contei com a ajuda da colega co-autora, Cláudia Suassuna, que é a chefe de gabinete da Sedraf – Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar, instituição em que atuamos.
Nossa parceria foi incrível, desde o princípio de gestação da Fenafes, fato que fez a diferença. Gabinete e Ascom/Sedraf, uma parceria que dá sempre certo. E porque não daria? Muitas assessorias não têm o privilégio de caminhar tão lado a lado com assessorados(as). Brinco dizendo que na maioria das vezes somos “cornas”, últimas pessoas a saberem das coisas. Sendo que no nosso caso, estar por dentro das novidades da feira em tempo real facilitou a reverberação do movimento, que mexeu com todo o Nordeste a atingiu outras regiões, como o Sul e o Sudeste.
Deu tudo certo: inscrevi nosso trabalho como profissionais, vinculadas ao Governo do Rio Grande do Norte; fui ao 12º CBA com a missão de apresentar o nosso trabalho, e, quando tive a oportunidade de conhecer a sala de comunicação do congresso, ouvi de uma das voluntárias que a nossa metodologia de comunicação em rede inspirou a cobertura do evento. Uma grande equipe transformou o Rio de Janeiro na capital da agroecologia do Brasil.
E agora, tenho muito mais propriedade para afirmar para quem ainda não se deu conta do valor e da importância desta ciência revolucionária, que atua no campo e na cidade, incentivando a produção de alimentos saudáveis, que aglutina pessoas de origens diversas, que respeita a diversidade de gênero, que repudia toda forma de racismo e ainda prioriza as relações comerciais justas. Sim, um mundo melhor – com agroeocologia – é possível.
Sem feminismo, não há agroecologia; com racismo, não há agroecologia. Digo e reafirmo tudo isso porque procuro vivenciar na prática o conceito de vida simples e saudável. E tenho a certeza do que procuro viver está diretamente ligado ao conceito de agroecologia. Que a Mãe Terra, nossa deusa, que é tão generosa, nos inspire cada vez mais a viver em comunhão com o meio ambiente, com as pessoas e com a diversidade. Axé.
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).