Eliade Pimentel

14/05/2024 08h46
 
No Dia das Mães eu me dediquei à Mãe Terra
 
Já não é a primeira vez que passo o Dia das Mães em contato com a natureza. Em algumas datas especiais, gosto de estar em contato comigo mesma, com ou sem minha filha biológica, que neste último domingo estava presente fisicamente e ajudou nos cuidados às plantas, usando a tesoura para podar alguns galhos, e também cuidando de nossos bichinhos.
 
Uns dias atrás, foi colhido um cacho de banana do quintal. Ela olhou as frutas em cima da mesa e me perguntou se aquelas bananas eram boas para fazer bolo. Respondi que, independentemente da variedade, banana boa para fazer bolo é banana madura. Entre idas e vindas, entrei em casa e a vi mexendo no forno. Mas, nem desconfiara. Ao fim do dia, aliás, já era noite, ela anunciou que fez um bolo de banana. 
 
Ligeira que só vendo, bem meu estilo “ser simples e saudável”, prática, fez sua receita vegana. Logo me toquei, porque lembrei que estávamos sem ovos em casa. Insistiu para eu comer, mas deixei para o café da manhã. O bolo estava delicioso e bem bonito, mesmo sem ter a crostinha crocante de açúcar, que não caramelizara por ser do tipo refinado. Expliquei a diferença entre os tipos de açúcar. 
 
Perguntei qual foi o estalo que a fez colocar em prática assim, tão repentinamente, suas prendas culinárias, e ela dissera: “é dia das mães, ué”. Mais tarde, ela me diz que não é muito de felicitar, porque acha todos os dias normais. De fato, é uma luta comemorar seu aniversário. Então, ao longo de sua vida, comemoramos dia das crianças até certa idade, com presente; datas de aniversário, com bolo e às vezes presente; e pegamos carona no natal dos outros, geralmente, porque não somos cristãs, então é mais pela festa mesmo.  
 
Perguntei o porquê daquele questionamento, se eu ligo ou não para dia das mães, e ela dissera que queria saber se eu esperava algo mais, como uma publicação de homenagem nas redes sociais, como fizera uns dois anos atrás. Aliás, eu nunca espero homenagens de ninguém. Eu me antecipo e posto o que eu quiser, quando sinto vontade. 
 
Claro que eu respondi que não, pois para mim a presença é o maior presente. Principalmente a presença funcional, como ela estava fazendo. Chegou no sábado, cuidou da Julieta, nossa cadelinha recém-adotada, que merece cuidados especiais, dormiu comigo, para acordar no domingo com sua mamãe, que é seu jeito carinhoso para expressar sua gratidão pelo dom da vida.  
Ano passado, fomos almoçar no shopping. Estávamos ambas na cidade e decidimos fazer algo convencional. Lá também ela me surpreendera, presenteando-me com um scarpin azul marinho cintilante comprado em brechó virtual, o qual eu mesma paguei a conta pelo cartão. Amei o presente, que para mim valeu a intenção pela garimpagem. 
 
Usei-o uma única vez, no aniversário de uma amiga, e ele se dissolveu todinho, depois de um banho de chuva. Nem liguei. Ela falou que foi baratinho, tipo 20 reais, e para mim foi o famoso “vale quanto pesa”, que combinou demais com meu “look”. Como eu havia herdado o vestido de minha finada irmã, estive linda e maravilhosa representando a loira simples de comunidade que eu sou. Sem gastar quase nada. 
 
É fato que eu e Alice sempre discutimos, pois temos pontos de vista diferentes, em diversos aspectos, porém, a gente se admira e se ama, como mãe e filha. Ela estava quase pegando no sono quando eu perguntei se faço diferença em sua vida, se ela poderia afirmar se aprendeu algo comigo, mesmo sendo tão diferentes no modo de pensar e agir. 
 
Mais uma vez sou pega de surpresa com sua resposta: “sim, não ser consumista, por exemplo”, dissera. Ou seja, ela aprendeu a ser adepta do estilo de vida simples e saudável. Acredito que sempre, a cada dia das mães, estando ou não com ela perto de mim, lembrarei de um dos seus poemas feitos na escola. “Poema para a mãe não precisa ser grande, só o meu amor precisa ser com louvor”. 
 
E também teve uma declaração que surpreendeu até mesmo a apresentadora do programa que veiculou reportagem sobre mãe solo, alguns anos atrás: “minha mãe para mim é uma casa; se eu não tivesse uma, ela seria a minha”. E por falar em casa, este dia das mães, em meio às árvores de nossa chácara, teve um gostinho especial. Nosso chalé, que será apenas seu, finalmente está sendo construído. Oxalá!
 

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