Eliade Pimentel

11/12/2023 12h07

 

 

A luta é por alimentos que são desperdiçados

 

De uma hora para outra, a mídia bombardeia internautas e telespectadores com notícias sobre a ocupação da loja Carrefour Zona Norte, em Natal (RN), coordenada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que ocupou unidades da rede de supermercados em 18 estados do Brasil.

Em matéria assinada pela colega Jana Sá, publicada no portal Saiba Mais “A luta para que as famílias brasileiras tenham direito a um ‘Natal Sem Fome’ conquistou, neste sábado (9), 6 mil cestas básicas”. Trata-se de uma campanha organizada há mais de duas décadas pelo MLB e, no Rio Grande do Norte, contou com a participação de mais de 300 famílias das ocupações urbanas, que permaneceram por mais de 9 horas na unidade da Zona Norte de Natal.

“Trabalhadores e trabalhadoras, mulheres, crianças e idosos integravam as mobilizações em todo o país. É o caso de Maria Lúcia de Lima, 65. Há três anos, a vendedora ambulante e sua família se organizaram junto a outras 35 famílias da Ocupação Emmanuel Bezerra”. É do conhecimento do público em geral que o Carrefour é protagonista de episódios terríveis, como a morte por espancamento e asfixia de um homem negro, em uma loja da rede em Porto Alegre.

“E quem não se lembra do caso do Seu Moisés, promotor de vendas do Carrefour de Recife, que faleceu durante o trabalho e teve seu corpo coberto por guarda-sóis até o fim do expediente?", recorda o MLB em postagem nas redes sociais (ainda da matéria citada).  

A jornalista continua, citando que “segundo dados do relatório FAO de 2021 e da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), enquanto 125 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, quando não há a garantia de que terá o que comer na próxima refeição, quase 13 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano no Brasil.”

Sabemos o quanto é complicado doar alimentos que estão com o prazo de validade quase esgotado, mas há de haver um bom-senso nesse aspecto, para que se evite o desperdício. Além da comida, eu enxergo também que o movimento do “Natal sem Fome” pressiona o Carrefour por ser uma rede com alto nível de denúncias trabalhistas. Exploram sua equipe até sugarem a última gota de sangue.

Certa vez, ao fazer o cartão da loja, perguntei à atendente se ela faz faculdade, visto que ela tem a idade das estagiárias que atuam no meu trabalho. Fique estarrecida com a resposta: “não tenho como, pois o meu horário de expediente muda todos os dias”. Há muito tempo atrás eu já ouvira falar que a rede McDonald’s havia sido autuada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por fracionar o expediente e também por mudá-lo diariamente.

Sinceramente, pensei que isso fosse uma prática proibida. Mas, pelo visto, sem denúncias, não há ação de fiscalização, pois presumo que muitas empresas utilizem desta prática. A moça não sabia o porquê de agirem assim, mas a gente sabe o real interesse de o sistema capitalista provocar a estagnação desta juventude. Querem que a classe operária nunca mude de patamar, porque infelizmente na prática vivemos em um regime de castas. Já dizia Chico Science, “o de cima sobe, e o de baixo, desce”.

 


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