Eliade Pimentel

29/01/2024 11h08

 

Vivendo com as armas que eu tenho (uma reflexão sobre meu jeito ser simples e saudável)

 

Arrumando-me para ir caminhar, um dia desses, a minha filha me questionou o fato de eu usar sempre as mesmas roupas, tipo pergunta indiscreta: "Mamãe, você só tem essa roupa?". Eu lhe disse que não, mas que as opções não são tantas assim. Desde que comecei a caminhar, alterno os biquínis (tenho três), porque tomo banho de mar, dois tênis, dois shorts e algumas camisetas (regatas e blusinhas, dependendo do tempo). Nada demais. Mas por estou falando isso? Porque ouço muita gente dizendo que só vai começar atividade física depois que comprar malhas novas, que só vai correr quando comprar um modelo "runner", entre outras "desculpas".

Não faço o estilo consumista por dois motivos: falta-me dinheiro e sobra-me criatividade e senso de "não estou nem aí se vão pensar que não estou na moda etc e tal". O que me interessa é como eu me sinto. Enquanto ajudo minha filha na arrumação para ir a escola, visto meu biquíni ou malha do ballet, ponho um short ou uma calça de malha e sigo em frente. Uso meias e tênis, para não prejudicar minhas articulações e estou sempre em passos rápidos, repassando mentalmente o que preciso fazer, os textos que tenho de desenvolver, os títulos das matérias que estão emperrados. Ou não penso em nada, às vezes choro, emocionada, lembrando de coisas boas, lembrando das coisas ditas por minha filha, lembrando o quanto sou feliz por ouvir tantos elogios relativos a minha aparência jovial.

Nas aulas de ballet, uma das colegas - contabilista, casada e mãe de três filhas - sempre fala que o momentos das aulas é um encontro consigo mesma. É quando ela se abstrai da profissional, da mãe, da dona de casa, da esposa, para ser ela mesma, para estar com ela mesma. E claro que cada uma de nós naquela sala também se sente assim. Quando nos arrumamos, vestimos o collant, meia, sapatilhas e fazemos o coque, estamos cumprindo um compromisso pessoal e intransferível. E não tem nada nem ninguém que nos faça descumprir esse compromisso. Pelo menos, tentamos, porque a chata e famosa "correria" nos impede às vezes de viver esse momento.

Para quem ainda tem dúvidas sobre os principais efeitos das endorfinas no corpo, preste atenção na lista que é bem completa.  Melhoram memória; melhoram o bom humor; aumentam a resistência; aumentam a disposição física e mental; melhoram o sistema imunológico; bloqueiam as lesões dos vasos sanguíneos; têm efeito antienvelhecimento, pois removem superóxidos (radicais livres); aliviam as dores; melhoram a concentração. (Pesquisa na web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Endorfina). Até um dia desses, eu caminhava sozinha, mas uma amiga começou a me fazer companhia. As filhas estudam na mesma escola, então nos encontramos e vamos caminhar. Logo no primeiro dia, ela relatou que se sentiu muito mais produtiva, que até conseguiu driblar com bom humor certas chateações do trabalho. E sorrindo, quando uma amiga lhe perguntou se estava fazendo academia, ao que respondeu toda feliz: "sim, academia urbana!".

E não pense que apenas as pessoas acima do peso precisam se exercitar. Tenho uma colega jornalista que parou de fumar há pouco tempo, mas sente que precisa ir mais adiante na busca pela qualidade de vida. Mesmo magrinha, está sentindo necessidade de fazer atividade física e melhorar a alimentação. Sou eu que estou dizendo isso a ela? Também, pelos escritos no blog, mas além disso, seu próprio corpo está pedindo cuidados extras. É isso aí. Não existe formula mágica: ser saudável depende de termos bons hábitos.

O tempo que temos de vida está fora do nosso controle, mas podemos controlar o tempo que temos para viver e ser feliz. Agende-se e comece hoje mesmo a fazer uma atividade física. A cada 30 minutos de caminhada em passos rápidos, detone no mínimo 250 calorias. Mude sua rotina, escolha o melhor horário e vista o que tiver no armário. Mas sempre vá de tênis.

(Reedição de um texto publicado em blog pessoal em 17.06.2013).


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