Eliade Pimentel

01/04/2024 12h43
Quem bebe da água de Baia Formosa nunca esquece
 
Relembro este antigo ditado sobre meu destino favorito, que frequento tanto para descansar, como para curtir a vida. Mais uma Semana Santa cumprida com louvor, na minha querida Baía Formosa, aquela praia que revelou ao mundo o surfista campeão Ítalo Ferreira e, por sua tradição no esporte, é denominada carinhosamente de Cidade do Surf. São mais de duas décadas de amor incondicional. 
 
Como uma esposa resignada, desta vez olhei apenas suas boas qualidades. Deixei o lixo e a poluição da baía de lado, e nem olhei a desorganização do porto. Deixei a política de lado. Deixei até o Ministério Público de lado. Nem importunei a gestora do meio ambiente e defesa civil, para que ela mandasse a fiscalização tirar os veículos que estavam estacionados de forma irregular, em área que deveria ser de preservação, por sobre as falésias. 
 
Quis apenas renovar meu amor, minha paixão, minha alegria de estar no meu lugar, seja ao sol, seja debaixo de chuva, como foi boa parte desse feriadão. E logo no primeiro dia, caí no mar à tardinha, no poço de Dona Raimunda, em frente à famosa Cacimba que dá nome à praia do centro. Foi ali, com aquela vista linda para o horizonte, que me banhei pela primeira vez em suas águas tépidas, um certo tempo atrás. 
 
E é lá que me sinto renovada. Todos os dias, desci àquele mesmo lugarzinho, e tomei meu banho, duas tardes com a força da maré de lua cheia ainda, e dois dias com a maré já meio morta, de lua minguando. E, certamente que não faltou o banho doce e a conversa no pé do alpendre com meu amigo João Figueiredo, o famoso Xerife do Pontal, filho da Dona Raimunda, um dos surfistas veteranos do pico. 
 
Em sociedade com meu amigo Rubens Araújo, administro a Casa Centenária, um empreendimento para locação por temporada. É muito gratificante receber pessoas que se conectam com aquele imóvel simples, aconchegante, cujas paredes resguardam tantas memórias. Cuidamos, principalmente de sua aparência original, para que as pessoas da cidade, especialmente familiares do antigo casal de proprietário, também tenham essa memória resguardada. 
 
Eu estava sozinha, visto que meus hóspedes têm sua própria autonomia, e aproveitei para fazer meu roteiro. No primeiro dia, fui à lanchonete da Yara e tomei uma sopa, pois o clima estava muito propício para isso. Conversei com um casal e pela conversa reconheci que são da casa, que estão sempre em BF. No outro dia, após o banho de mar, voltei em casa, me arrumei e resolvi sair para jantar no Zé Labar, onde me fartei de uma deliciosa parmegiana de carne com espaguete. 
Tenho muita admiração pela família do falecido Zé Labá, que antigamente, no mesmo ponto – bem central, por sinal – tinha mesas de totó e vendia gás de cozinha. Era um ponto vem frequentado pela juventude. Eu passava e morria de curiosidade, mas, sem me interessar por jogo, só cumprimentava aquele senhor magrinho e atencioso, que estava sempre no canteiro, jogando cartas ou dominó com amigos. 
 
Já na sexta, eu pensei: para onde vou? e resolvi comer o delicioso pastel de camarão do tradicional Bar Por do Sol. Irreparável. Maravilhoso. Tudo, da qualidade do serviço ao produto servido. Como eu amo aquele ambiente, que além de ter uma comida deliciosa, tem uma das vistas mais bonitas, que é visão da formosa baía. E para fechar com chave de ouro, na volta da praia, no sábado, visitei o William’s Sushi Bar, situado em frente à praça Carlota Elisa, e fiquei a observar o povo indo e vindo enquanto eu sorvia uma caipirinha e me deliciava com um prato de sushi frito de salmão. 
 
É isso, o melhor do feriadão foi a paz de minha solitude, e a companhia de pessoas tão queridas, como Cocota e Cida, do Bar do Cocota, nas ocasiões em que saí de casa. Por isso sempre digo, o melhor lugar para passar férias é exatamente onde nos sentimos bem. Sair da rotina é essencial, pois ninguém é de ferro. Se você gostou do roteiro, te dou as boas-vindas a Baía Formosa. Venha simbora curtir o paraíso. Voilá. 
 

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