Mônica Cavalcante
Professora e feminista
16/04/2024 09h44
Uma Nova Babel nos Espera
Em toda a terra havia apenas uma língua e uma só maneira de falar.
- Gênesis 11:1
Num cantinho esquecido do mundo, cheio de histórias antigas de vitórias e derrotas, existe uma cidade que brilha de modernidade, mas não esquece de onde veio. Essa cidade, cheia de vida e movimento, mostra bem como é viver num país que não para de mudar, cheio de desafios e surpresas. Quando chega o momento de eleições importantes, essa cidade vira o espelho de todas as lutas e sonhos que acontecem por todo o país, nos convidando a escutar mais, falar com carinho e, quem sabe, aprender a nos entender melhor.
Reconstruir a Babel não é fácil. Precisa de paciência, de querer se colocar no lugar do outro e, mais do que tudo, de querer de verdade entender quem pensa diferente. Num mundo que parece cada vez mais dividido, achar pontos em comum, respeitar as diferenças e, principalmente, conversar de coração aberto pode ser o primeiro passo para criar uma comunidade mais unida e melhor para todos.
Com a chegada de novas vozes no cenário político, prometendo grandes mudanças e colocando em dúvida a confiança nas regras do jogo democrático, as redes sociais e outros meios de comunicação viram palco de muita discussão. Histórias distorcidas começam a se espalhar, aumentando as divisões e fazendo a gente questionar até onde podemos chegar juntos. Nesse momento, as pessoas se veem num mar de dúvidas, divididas entre o desejo de mudar tudo e o medo do que essas mudanças podem trazer.
A história da Torre de Babel, que nos chega através do livro de Gênesis, é uma poderosa reflexão sobre os desejos e motivações humanas. Quando os homens decidiram construir uma torre que "alcance os céus", revelaram muito sobre suas próprias naturezas. Eles queriam ser famosos, evitar ser espalhados pelo mundo e, de certa forma, desafiar os céus. Esse desejo nos mostra como o ser humano sempre buscou deixar sua marca no mundo, alcançar grandes feitos que os fizessem lembrados através dos tempos.
Essa história antiga ecoa até hoje, nos mostrando como, muitas vezes, queremos ultrapassar nossos limites, buscando reconhecimento, poder e um legado duradouro. A construção da torre simboliza essa tentativa de tocar o divino, de se equiparar ou até mesmo desafiar o poder superior.
A ambição, a vaidade e a soberba que motivaram a construção da Torre de Babel não são sentimentos estranhos a nós. Eles fazem parte da condição humana, refletindo nosso desejo de sermos significativos, de termos controle sobre nossos destinos e de resistirmos à ideia de sermos apenas mais um no mundo. A história também nos ensina sobre as consequências desses desejos desmedidos. A confusão de línguas e a dispersão dos povos são lembretes de que, ao tentarmos ultrapassar nossos limites e desafiar a ordem estabelecida, podemos enfrentar resultados inesperados e, muitas vezes, indesejáveis.
Agora, ao olharmos para a nossa própria "Babel" moderna, onde enfrentamos divisões e buscamos compreensão em meio à diversidade, podemos aprender com essa antiga lição. A importância de ouvir mais e falar menos, de buscar o que temos em comum e de agir com amor e compreensão, é um caminho para superarmos as barreiras que nos separam.
A nova Babel que sonhamos não é apenas uma utopia. Ela representa a esperança de que, apesar de nossas diferenças, podemos construir uma comunidade onde a comunicação e a empatia nos unem. Cada um de nós tem um papel nessa construção, trazendo nossas peças únicas para o quebra-cabeça da coexistência humana.
Diante de tanta confusão, a sociedade enfrenta o desafio de reacender a esperança num futuro mais justo, lembrando a todos da importância de pensar com clareza e respeitar o próximo. "Uma Nova Babel nos Espera" é um convite para refletir sobre como a comunicação e a empatia podem nos ajudar a superar as barreiras que nos separam. Este texto nos faz pensar sobre como podemos realmente escutar uns aos outros num mundo que valoriza mais quem fala mais alto, como podemos encontrar unidade na nossa diversidade e viver em harmonia apesar das nossas diferenças.
No fim das contas, essa história não só mostra as divisões que temos hoje, mas também traz perguntas importantes sobre como cada um de nós pode ajudar a construir uma comunidade mais acolhedora e unida. Entre as ruínas das nossas divisões, talvez possamos começar a escrever uma nova história, uma nova Babel, onde, desta vez, possamos nos entender de verdade.
Nessa nova Babel que sonhamos, cada um de nós tem um papel importante. É como se estivéssemos todos juntos, tentando montar um imenso quebra-cabeça. Cada peça, cada pessoa, traz uma parte da solução, uma visão única que pode ajudar a completar o quadro. Mas para que o quebra-cabeça fique completo, precisamos aprender a encaixar essas peças com cuidado e atenção, respeitando o lugar de cada uma.
Imagine que, em vez de gritar para ser ouvido, a gente tentasse mais escutar. E se, em vez de apontar o que nos separa, a gente buscasse o que temos em comum? Talvez descobríssemos que, no fundo, todos queremos coisas parecidas: paz, segurança, oportunidades para crescer, e um futuro melhor para as pessoas que amamos.
Nessa cidade que reflete o país inteiro, cada conversa, cada encontro pode ser uma chance de construir pontes, em vez de muros. Pode ser que a gente não concorde em tudo, e está tudo bem. O importante é manter o coração aberto e a mente disposta a entender os motivos do outro.
E sabe o que mais? Essa nova Babel não é só um sonho. Ela começa a se tornar realidade quando a gente decide agir com mais amor e menos raiva, quando escolhemos compartilhar esperanças em vez de medos. É um trabalho de todos os dias, uma escolha que fazemos a cada momento.
Então, que tal começarmos agora? Vamos tentar ouvir mais e falar menos. Vamos tentar entender antes de julgar. E, quem sabe, aos poucos, a gente não vai descobrindo que é possível sim, viver em um mundo onde as diferenças nos unem, em vez de nos separar.
Uma Nova Babel nos espera, e a jornada para lá começa com um simples passo: o de nos vermos, não como adversários, mas como companheiros de viagem, todos juntos, buscando um destino comum. E nessa viagem, cada gesto de gentileza, cada palavra de apoio, cada ato de compreensão são os tijolos com os quais vamos construindo a cidade dos nossos sonhos, onde, finalmente, podemos nos entender e viver em harmonia.
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