Professora e feminista
Novembro: O Mês da Impaciência Negra e a Busca por Mudança
Novembro chega mais uma vez, trazendo consigo a importante reflexão sobre o Mês da Consciência Negra, que poderia muito bem ser chamado de Mês da Impaciência Negra. Todo ano, nesse período, as discussões sobre igualdade racial, inclusão e os desafios enfrentados pela população negra no Brasil ganham força e presença. Mas, afinal, o que realmente conquistamos até agora? E por que ainda precisamos falar tanto sobre isso?
Olhando para trás, as vitórias são evidentes e inegáveis. Temos mais espaços sendo ocupados, mais vozes sendo ouvidas e um número crescente de iniciativas que buscam igualdade. As leis avançaram, ao menos no papel, e a consciência coletiva sobre o tema cresceu. Mas, para muitos, parece que essas conquistas ainda são pequenas e lentas quando comparadas à urgência necessária.
A impaciência que nos acomete não é sem motivo. Ela surge da percepção de que, apesar dos avanços, a realidade cotidiana continua marcada por desigualdades gritantes. A cor da pele ainda dita oportunidades, acesso a direitos básicos e até mesmo a segurança e dignidade nas ruas. Essa pressa, essa vontade de mudança, vem do desejo de que as transformações aconteçam agora, para que não sejam apenas promessas em um futuro distante.
Precisamos falar sobre o que ainda falta porque o silêncio nunca foi opção. Discussões sobre racismo estrutural, representatividade e políticas públicas são mais que necessárias; são essenciais. É preciso lembrar que cada conversa, cada debate acalorado, cada artigo escrito e lido sobre o tema é um passo em direção a um mundo mais justo. Mas é preciso também ação, políticas efetivas e compromissos reais das esferas de poder para que a impaciência se transforme em satisfação.
Enquanto novembro serve como um lembrete poderoso e necessário para a reflexão, a verdade é que a luta e a conversa sobre a igualdade racial devem ser constantes, sem pausas ou estações. A impaciência, ao invés de vista apenas como frustração, deve ser interpretada como um motor para a mudança, um lembrete de que não podemos parar de lutar por aquilo que é certo.
Ano após ano, a discussão se renova. E, até aqui, conquistamos passos importantes, mas ainda há muito a caminhar. Precisamos falar sobre isso, hoje e todos os dias, até que a impaciência se transforme em celebração de conquistas duradouras e justas para todos.
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