Daniel Costa

19/02/2021 15h22
 
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Já virou quase um lugar comum citar Umberto Eco quando o assunto é o nível de besteirol que assola as redes sociais. A frase do escritor italiano de que a internet deu vozes aos burros carrega uma dose cortante de verdade que é difícil não a saborear.
 
Mas correndo na contramão dessa constatação, deixando de lado uma visão maniqueísta da realidade, também é possível notar que as redes sociais permitem o contato com seres inteligentes, que só com muita sorte seria possível conhecê-los na vida de carne e osso.
 
Uma vasculhada nas esquinas do facebook e a gente acaba por encontrar pessoas extraordinárias expondo suas opiniões, indicando livros, artigos, filmes, músicas e tudo mais que existe de melhor para minimizar os riscos de uma overdose de clonazepam. São como agentes de caridade que distribuem sopa quente aos desabrigados.
 
Como duvidar da maravilha que é poder ter aulas virtuais com o grande jurista potiguar Ivan Maciel, que escreve a respeito de todos os assuntos num nível de profundidade tal que chega a causar úlceras de inveja? Também é possível acompanhar escritores do naipe de Lívio Oliveira, Mario Bortoloto, Fernando Morais e Lira Neto e vê-los utilizar os seus espaços no facebook como uma espécie de laboratório, em que as sementes dos próximos livros são cultivadas aos olhos de todos os seguidores. E é mesmo como uma aula de ciência política ler os pequenos textos de Ricardo Kotscho e de Carlos Eduardo Alves, respectivamente, repórter e ex-reporter da Folha de São Paulo, que sempre estão a destilar ácidos e certeiros comentários sobre a conjuntura política.
 
O facebook permite ainda o acesso às recentes notícias que circulam pelo mundo inteiro, por meio da leitura de blogs e dos jornais brasileiros, como a Folha e o Estadão, ou através de periódicos internacionais do naipe do New York Times e do Le Monde. Todos têm suas páginas no face bastando um click para que qualquer pessoa possa conferir ao menos parte de seus conteúdos.
 
A verdade é que mesmo no meio do lodaçal de bobagens que muitos destilam nas redes sociais, não é tão difícil peneirar boas pedras de ouro e com isso se alimentar de um espaço que está entre o informalismo de um papo de balcão e as opiniões buriladas em revistas semanais. E se não existe a proximidade proporcionada pelo contato pessoal, também não se verifica a fleuma causada pela leitura de um artigo científico numa biblioteca pública.
 
No final das contas, tudo vai depender dos amigos e das páginas virtuais que o sujeito escolhe seguir. O que, venhamos e convenhamos, não é lá tão diferente do que acontece na vida real.
 
 
 

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