Professor Carlos Gomes

19/07/2022 10h20

 

Escola e a Produção Científica

 

Em mais um momento conversando sobre a Escola e Experimentos Científicos, nos deparamos com o documento Pesquisa na Educação Básica: Um Novo Olhar para Educação Básica da Editora OFF7. Este documento traz a coleção de 42 Projetos do I Congresso de Iniciação Científica da Educação Básica do RN ocorrido no ano de 2018. Nesta direção, as escolas se mostraram posicionadas como produtoras de uma cultura geradora de processos científicos.

 

Como disseram com muita propriedade a Prof.ª Dra. Dayanne Chianca de Moura e o Prof. Dr. Nednaldo Dantas dos Santos apresentadores do documento: “A Iniciação Científica vem se tornando uma ferramenta que está permitindo uma maior aproximação dos alunos com agentes construtores do conhecimento no ambiente escolar. O letramento e alfabetização científica desafiam os docentes e discentes a buscarem soluções para os problemas cotidianos. O conhecimento em meio ao cenário de desvalorização do professor, que assume um papel fundamental de orientador da construção de valores e conhecimento por parte dos alunos, é um instrumento de libertação e emancipação”.

 

É muito assertivo o que está acima, não é? Bem, entre os projetos do documento o primeiro que vamos abordar é A HIDROPONIA COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA INTERDISCIPLINAR E EMPREENDEDORA, da Escola Estadual Berilo Wanderley, localizada no Bairro de Neópolis da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. A coordenação do experimento na escola está assinada por Professor Everton da Silva Brito, de agora por diante Professor Everton, Professor/Docente Esp. de Geogra­fia, e colaboração do Professor José Emerson Fernandes de Oliveira Professor/Docente Ms. do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy.

 

O Projeto contou com a representação dos alunos e alunas Adilla Mayra Araujo de Assunção, Lenine Bezerra de Menezes Filho, Lorrany Karine da Silva Rocha, Mariana Carvalho da Costa Sarah, Macedo Costa Leite, Estudantes da Escola Estadual Berilo Wanderley. O experimento buscou discutir o meio ambiente com racionalidade, produção sustentável e a vivência comunitária. Na introdução do projeto, uma análise é reveladora:

 

“Na busca por um raciocínio e letramento científico eficazes, exigidos pela contemporaneidade estudantil, surgem possibilidades para se trabalhar num foco interdisciplinar práticas de Educação Ambiental (EA). Assim é proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ao estabelecer que a compreensão das questões ambientais pressupõe um trabalho interdisciplinar. A análise de problemas ambientais envolve questões políticas, históricas, econômicas, ecológicas, geográficas, enfim, envolve processos variados, portanto, não seria possível compreendê-los e explicá-los pelo olhar de uma única ciência. (BRASIL, 1998, p. 46).” Leia em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/geografia.pdf

 

No Projeto, todo o processo de conhecimento científico sobre a horta hidropônica foi demonstrado, as vantagens e as múltiplas possibilidades pedagógicas de uma ferramenta que busca atrair o estudante para além da teoria, traz a prática com o envolvimento de um conhecimento global.

 

Na Experimentação Científica existiu, como não podia faltar, o cuidado de preparo de todo material e o planejamento metodológico que o Projeto precisava,

 

Segundo Professor Everton, os alunos tiveram muito interesse pelo projeto e que a princípio existiram até bolsas para Iniciação Científica. Com várias turmas participando de todo processo, o projeto teve como culminância a organização de uma horta hidropônica com a geração de um produto em formato de feira. A horta com os produtos gerados com a técnica da hidroponia serviu para a alimentação e venda dos produtos que seu lucro foi revertido para a festa de formatura dos terceiros anos, passagens para eventos e outros fins do experimento.

 

Outro aspecto importante, o contexto da parceria interdisciplinar com aporte do professor de matemática no contexto financeiro, aporte de professor de português na correção dos artigos propostos pelo projeto, aporte de professores de química e biologia. Professor Everton nos revela que com o desdobramento do projeto surgiu a técnica da compostagem com os resíduos da hidroponia que colabora de maneira global com o processo. Foi perguntado ao Professor Everton sobre a participação da comunidade no projeto da escola, e o que foi posto é de muita importância  pois, os eventos com as feiras eram abertas ao público que interagia intensamente inclusive, com alunos oriundos de assentamento .rural.

 

No decorrer do tempo, depois do experimento, com relação aos alunos, foi perguntado qual foi o resultado? Todos os alunos, o Professor Everton  nos diz, que de uma forma ou de outra, estão nas universidades em grupos de pesquisas ou em cursos técnicos a partir da influência do experimento científico vivenciado. Na escola, por causa do processo que gerou o projeto, foi desenvolvido o Circuito Aprendizagem que reduz drasticamente a geração de resíduos oriundos dos materiais utilizados para demonstração de atividades nas “antigas” feiras de ciências, como diz Professor Everton.

 

Desta forma, existem as exposições sem cartolina, sem cola, sem gastos, sem lixo e com a exposição oral explicativa e debate, Na sequência outros momentos foram surgindo como o Projeto BW.Sustentável, em que o Professor Everton nos fala do trabalho sobre energia verde e racionalização do uso da energia e da água. Também está sendo preparada a continuidade do Projeto da horta em um nova fase.

 

Bom, a conclusão o texto do Projeto nos leva a se pensar no meio ambiente didatica e pedagogicamente afinal, fazemos parte da natureza que pertencemos, da única casa que toda humanidade mora, o ventre da mãe terra. Agora quero parabenizar a todos pelo belíssimo trabalho que continua. Nosso agradecimento especial ao Professor Everton de Silva Brito, hoje na gestão da Escola. Nosso muitíssimo obrigado à Primeira Direc na sua Coordenação Pedagógica e Assessoria por nos receber e nos ajudar nos contatos, obrigado aos ex-alunos hoje que trabalharam no Projeto em 2018, como também agradecemos a todos que colaboraram direta ou indiretamente para nosso trabalho acontecer. Deixo com vocês a sabedoria de Célestin Freinet em Pedagogia do Bom Senso: “A Educação não é uma fórmula de escola, mas sim uma obra de vida.” (p9). Um abraço fraterno.


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).