Fábio de Oliveira

22/08/2022 10h44

O devir cidadão e político

 

Estamos em uma contagem regressiva para (re) eleger os futuros gestores políticos em instâncias federais e estaduais. As propagandas eleitorais em anúncios patrocinados já estão nos bombardeando nas redes sociais, além das promessas de sempre no rádio e na televisão. É uma responsabilidade e importância que poucos compreendem e como essa tomada de decisão refletirá nos próximos anos. Filtrar quem tem estado politicamente ativo ou não em várias pautas na sociedade, é necessário para uma escolha adequada.

 

O ceticismo político nutrido pela falácia “política, religião e futebol não se discutem” e a ideia fracassada de “votar no diferente” trouxe severas lições e consequências irreparavéis à população brasileira que ainda cai nesse discurso, e que afeta quem tem atuado politicamente todos os dias. Seja nas questões indígenas, negras, quilombolas, socioambientais, MST, LGBTQI+ e tantos outros grupos afetados pela negligência intencional do cenário político atual.

 

Pensar em um estado democrático, enquanto representatividade política, é considerar e atender as demandas levantadas pela sociedade e por distintos grupos sociais que lutam, não somente pelos seus direitos, mas pela efetividade dos mesmos. Já que a ideia de democracia é o exercício do poder político por parte do povo, que desconhecem sua capacidade de fazer as pautas acontecerem. Tensionando e cobrando as promessas externadas pelos eleites que um dia, estiveram pedindo votos nos bairros periféricos, comunidades indígenas, quilombos, terreiros e tantos outros espaços de pautas e reivindicações urgentes.

 

Neste ano, segundo alguns dados e pesquisas recentes, houve um recorde de candidatos indígenas, contabilizando 175 candidaturas representando um aumento de cerca de 37% em relação a 2018. E candidaturas negras e pardas chegam a um percentual de aproximadamente 49%. Embora dentro dessas estatísticas, há muitos brancos e pessoas não racializadas se camuflando. Ficar atento a estes fatores sobre quem realmente tem atuado nas retaguardas e mobilizações é papel nosso enquanto cidadãos e para ações realmente efetivas.

 

É necessário pensar sobre a política, para além da caixa da dualidade: direita e esquerda. Já que o urgente é começar a pensar a partir de uma perspectiva racial e étnica na sociedade e não somente a questão de classe. A partir disto, avançaremos muitos dos diálogos que estão emperrados em reuniões, fóruns e demais encontros coletivos espalhados pelo país. E dessa forma, ações possam saltar dos documentos e se concretizarem para nossos fortalecimentos e conquistas coletivas.

 

Precisamos estar abertos e ouvir para avançar nesses debates, se realmente queremos transformações, e estas não ocorrem individualmente.


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