Fábio de Oliveira

21/03/2023 12h46

A violência encoberta e selecionada pelo Estado

 

Para muitos, esses últimos dias foram bastante conturbados em diversos aspectos para todo o estado do RN. Os motivos dessa movimentação toda, me abstenho em replicar pelos olhares superficiais dos noticiários. A intenção não é desconsiderar os fatos nem tão pouco fazer apologias ao crime, pelo contrário, é aprofundar-se mais na raiz da questão.

A ideia proposta aqui para refletir não é para desconsiderar as mortes, violências subjetivas e todos os danos materiais que ocorreram em várias cidades potiguares. Tudo isso já vem acontecendo dentro da “normalidade” sobre nós, povos indígenas, negres e periféricos. Embora os fatos são negligenciados pelas classes burguesas e as mídias convencionais e sensacionalistas, que adoram ganhar ibope exibindo delitos e prisões, mas não o que provocaram eles.

Nossos povos e nossas comunidades vêm sofrendo uma violência sistemática a séculos e empurrados às margens da sociedade. O estado neoliberal que fala tanto em liberdade, mas a utopia das ações é um lugar confortável, quando o assunto é sobre erradicação da das desigualdades, escravidão e do racismo, pois o capitalismo se beneficia e se estrutura com isso.

Não é normal carros policiais dessa contingência passarem por mim e pelos meus e nos fitarem como suspeitos. Helicópteros voando sobre mim e a sensação de que, a qualquer momento, tiros serão disparados, porque, ao olhar deles eu era suspeito ou tive condutas suspeitas. O que é ser suspeito? O que é ter conduta suspeita para o Estado colonial? A violência virou regra em nome do poder e da manutenção das desigualdades sociais e justificado o uso para conter alguém “perigoso” aos olhares dele.

Assim como não deveria ser normal a truculência de polícias em comunidades periféricas, diante das circunstâncias atuais que não se justifica nem nunca se justificou com isso. A solução paliativa do Estado é ocupar ruas e periferias com força policial e esse contingente está preparado para defender o quê de quem? Atacar quem? A falta de letramento racial é evidente nas formações policiais e do Estado, então tudo fora do padrão entra no padrão de suspeito e bandido.

O que se compreende por “paz social” dito pelo Ministro Flávio Dino, ao contribuir com o Estado no apoio que for necessário para segurança pública e não economizará? A educação pública sucateada, desigualdades sociais, racismo e tantas outras questões estão em um “inferno social” que gerou esse cenário atual chamado de “insegurança pública”, também espera esses recursos “sem pena”. Até porque é investimento e não desperdício.

Múltiplas mortes subjetivas seguem em execução por essa estrutura capitalista que atravessam gestões. A ausência de oportunidades, acesso à educação, saúde, transporte, cultura e sonhos que, na esperança de não ser uma utopia, serão possíveis de se concretizar algum dia e não venham com aquele papo de meritocracia.

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR.


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).