Hugo Manso

Engenheiro e professor do IFRN - Presidente do Conselho Curador da FUNCERN

13/12/2023 13h00

 

Por um ambiente inteiro

 

A ideia de meio ambiente natural, limpo e sustentável está presente em quase todas as falas, escritos e pensamentos atuais. Muita conversa, poucas ações e poucas práticas efetivas. Precisamos preservar e reconstruir UM AMBIENTE INTEIRO. Não apenas meio...

A ECO-92 conhecida como Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento) denunciou fortemente agressões ambientais em larga escala no planeta. Dois anos depois, em 1994, se iniciam as Conferências Anuais da ONU conhecidas como COP. Contudo, 20 anos antes, já havia acontecido em 1972, uma Conferência em Estocolmo, Suécia. Após a RIO-92, tivemos a Rio+10 e a Rio+20, sempre buscando construir entendimentos globais.

Passadas três décadas, o que foi produzido?

Muitos eventos (inclusive agora os que passaram a ser chamados eventos extremos...). Muitas ONGs foram criadas, cursos em nível médio e superior, publicações diversas e muitas, muitas declarações.

O Tratado de Quioto no Japão, em 1997 foi o primeiro a nível internacional  para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. A Cúpula de Paris (1999) e a recente COP 28 (28° Conferência do Clima da ONU), todas vão no mesmo sentido.

Com mais de 200 países representados para debater e “coordenar ações globais climáticas”, a COP 28 nos Emirados Árabes, o que produziu?

Analisando a partir dos objetivos anunciados:

# Teremos a transição para energia limpa e meta de limitar, em 2030, o aquecimento global em 1,5° C acima dos níveis anteriores à revolução industrial?

# Vamos colocar a natureza, as vidas e os meios de subsistência no centro das ações climáticas?

# Saiu acordo de financiamento visando tirar do papel velhas promessas?

De concreto ficou combinada outra reunião de cúpula em 2024 e a que vai, pela 1ª vez acontecer na Amazônia, a COP 30 em Belém do Pará, no ano de 2025.

Ora, me desculpem, está muito distante.

Perto mesmo está o “sumidouro” devorando casas e bairros em Maceió; a “Gamboa” do Potengi, aqui em Natal e a “Lagoa Nova” no município do mesmo nome, na Serra de Santana-RN.

Não bastaram a Vila Socó em Cubatão, São Paulo; nem “Brumadinho” em Minas Gerais e nem os inúmeros deslizamentos de encostas Brasil à fora. Agora vemos enchentes no RS. Fortes secas na Amazônia e no Pantanal. O calor é intenso e as temperaturas se elevam ao extremo ...

“Tenho ouvido muitos discos conversado com pessoas

Caminhado meu caminho

Papo, som, dentro da noite

E não tenho um amigo sequer

Que ainda acredite nisso não

Tudo muda

E com toda razão”.                                               Belchior, 1976

Sim, tudo muda! Nesse caso, sem razão nenhuma. É necessário mexermos a vida todos os dias. No sentido positivo de “mexer”. Mexer buscando a sustentabilidade ambiental e a saúde humana.

Mexer em casa, na escola e no trabalho. Nas ruas, sítios, roçados, rios, lagoas e praias. O ambiente já deu todas as sinalizações possíveis. Hora de mobilizar nossas forças, das menores as maiores.

Em casa, coleta seletiva. Separar plásticos, vidros, metais do lixo orgânico. Plantar no quintal, colocar pequenas plantas nos apartamentos. Aderir a todos os abaixo assinados disponíveis como https://pareotsunamideplastico.org/ apoiando o Projeto de Lei 2524/2022 para colocar fim a poluição por plásticos.

Visando estabelecer regras relativas à economia circular do plástico, a iniciativa do Senador Jean Paul Prates altera diversos dispositivos legais, tipifica condutas relativas as infrações e inclui as atividades das cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais.

Mas, cada um, cada uma de nós pode e precisa fazer sua parte.

A origem do município de Lagoa Nova, Serra de Santana, Seridó Potiguar, é sua lagoa. Um marco histórico, cultural e ambiental que enfrenta ameaça de aterramento, sinalizando morte lenta através do bloqueio do ciclo natural das águas pluviais, comprometendo seu o abastecimento. E como esse, são diversos os “episódios” de cursos d’agua interrompidos, bloqueados ou desviados.

Em Natal o Rio Potengi, o Rio Doce, o Rio Pitimbu estão todos ameaçados, assoreados, sofridos. E as lagoas? Construídas, assoreadas e sujas. Muito sujas.

O iFRN em parceria com o iDEMA realiza por mais de duas décadas um estudo de balneabilidade das águas das praias de nossa região metropolitana. O Projeto Estudo da Balneabilidade das praias do Rio Grande do Norte está inserido no Programa Estadual “Água Azul”, e vem sendo sistematicamente executado desde o ano de 2001.

Contudo, recebe pouca atenção. Os recursos são mínimos e muitas vezes sofrem descontinuidade.

Ponta Negra e o cartão postal da Cidade do Natal – o Morro do Careca – agonizam. 

Que fazer? Nem precisa ler Lenin. Basta seguir as diretrizes que candidatos, governos, entidades de trabalhadores e de empresários divulgam.

Claro que para o Professor José Arnóbio, Reitor do iFRN; para o Professor Daniel Diniz, da UFRN; para a professora Fátima Bezerra nossa Governadora; para Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima no Brasil as responsabilidades são maiores.

Contudo as mudanças necessárias passam por Lula da Silva e demais chefes de Estado, mas passam também, por mim e por você.

Vamos construir um ambiente inteiro?

 


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).